Blog do Paulo Schiff

Ideias e Opiniões sobre o cotidiano.

Arquivo para o mês “março, 2012”

Motoristas embriagados

Cada vez que um motorista embriagado atropela e mata um pedestre rola uma novela. O Datena fica se esgoelando no Brasil Urgente. Os repórteres de rádio fazem plantão na porta da delegacia no dia do depoimento do motorista. O prontuário dele sai nos jornais… Uma quizumba.

Depois de 15 dias todo mundo esquece. Os advogados livram a cara do sujeito. A habilitação demora mais um pouco mas volta. E em três meses ele está pronto para outra aventura de final de balada.

A legislação parece duríssima. Prisão, bafômetro, exame de sangue, testemunhos… o diabo. Mas não funciona. As blitze provocaram entusiasmo. Mas por pouquíssimo tempo. Os famosos desmoralizaram o bafômetro: Aécio Neves, Romário, Mano Menezes… E com razão. Ninguém pode ser obrigado a produzir prova contra si mesmo. Direito garantido pela Constituição. E a lei, além de inconstitucional é burra. Como provar que o motorista tinha concentração de álcool maior que 6 decigramas por litro de sangue?

Mesmo que o Datena não ficasse xingando e os repórteres vasculhando a vida dos atropeladores, o ódio do distinto público por eles já seria superlativo.

Aí é que entra a lambança e a incompetência. Deputados e senadores não conseguem produzir uma legislação que alcance o problema e satisfaça a opinião pública.

A impunidade é escandalosa. Figuras carimbadas como Alexandre Pires e Edmundo provocaram acidentes, atropelaram, mataram e estão aí dando shows ou fazendo jogos de despedida como se nada tivesse acontecido.

Não cabe na cabeça de ninguém que seja difícil legislar sobre essa questão.

Mas no Brasil do século 21, o tempo passa e a questão fica cada vez mais complicada.

A decisão do STJ desta semana, esvaziando a tal da “lei seca”, estabeleceu algumas diretrizes. Ficou claro o que pode e o que não pode estar na legislação. Mas a reação dos deputados e senadores é irracional:

“Então vamos escrever uma lei ainda mais dura”.

Previsão fácil de fazer: mais dez anos de novela.

Passagens aéreas e ilhas de calor

Passagem aérea de um edifício para outro. Como aquela do Shopping Brisamar, em São Vicente. Algum problema? Numa primeira análise, não. A interferência urbana é mínima ou nula, desde que a lei de uso do solo não permita abusos ou exageros. A ligação entre os prédios, inclusive, reforça a segurança. Num incêndio num deles, abre uma possibilidade de salvamento no outro.

Todo mundo, entretanto, olha para esse tipo de autorização com desconfiança. Por dois motivos:

1) A ligação cria uma área de construção sobre um equipamento público, que é a rua.

2) Qualquer licença diferente da rotina para uma empresa, e em especial uma empresa da área de construção, é vista como oportunidade de propina para os políticos que têm o poder de conceder a autorização, como prefeitos e vereadores.

Você pode imaginar uma situação extrema em que uma série de prédios vizinhos criem essa ligação com os edifícios do outro lado da rua. É por isso que a lei tem de disciplinar.

Mas é importante tirar esse ranço para enxergar a questão como ela é realmente. Sem chifre em cabeça de cavalo.

***

Ilhas de calor. Pode parecer coisa distante, elucubração de ambientalista xiita.

Mas está muito mais perto do que a gente pode imaginar.

Uma pesquisa conduzida em São Paulo revelou aquecimentos de até 14ºC em bairros como Itaim e Penha.

As causas dessa aberração são conhecidas: escassez de áreas verdes e excesso de construções.

Nos municípios da Baixada Santista, a brisa marinha atenua um pouco essa anomalia. Isso onde ela consegue passar, é lógico. Em Santos, onde há uma muralha de prédios na orla que canaliza a brisa e terral, o pesquisador Érico de Almeida encontrou variações de até 6º entre a praia e a área atrás do primeiro quarteirão.

A área verde urbana recomendada pelos organismos internacionais é de 12 m² por habitante.

Torcedores e empreiteiros bandidos

Torcedor de futebol não costuma estar no banco dos réus. No Brasil, é lógico. Empresário com grande poder de fogo, também não.

Podem ser encaradas como novidades, portanto, os enquadramentos desses dois espécimes pela justiça brasileira nesta semana. Não são inéditos. Mas estão muito longe de ser rotina.

O torcedor escapa da identificação porque as ações criminosas sempre são executadas em grupo. A covardia explica.

E os empresários porque, além de bons advogados, têm a cumplicidade de autoridades policiais e políticas.Aqui a única explicação é a cara-de-pau.

Em comum, nos dois casos, é a impaciência cada vez maior da comunidade com a impunidade desses bandidos travestidos de torcedores e desses gangsters disfarçados de homens de negócios.

Se os europeus conseguiram acabar com a violência dos hooligans, porque os brasileiros temos de continuar convivendo com manchas verdes e gaviões das fiéis? Se no Japão o corrupto se suicida no hara-kiri por que dirceus e delúbios flagrados continuam dando as cartas por aqui?

Será que a violência dos estádios e a bandalheira com dinheiro público fazem parte do nosso carma?

As cãmeras de TV e as filmadoras de celulares jogam contra os covardes que espancam e assassinam em grupo.

E os meios de comunicação estão na cola dos colarinhos brancos das empreiteiras que gostam de jogos com todas as cartas marcadas.

Agora é com os tribunais.

Os gaviões e manchas verdes não vão escapar da investigação dos computadores deles. É pela internet que eles agendam hora e local das brigas que resultam em mortos e feridos.

E os empresários que fraudaram a licitação do metrô de São Paulo também vão ter muita dificuldade para explicar porque o jornalista sabia o resultado da licitação seis meses antes das propostas serem abertas.

Guerra dos Portos: o X da questão

Para começar, é um nome equivocado. Porque a batalha é tributária e não portuária. Alguns estados brasileiros decidiram conceder reduções de ICMS para produtos importados. A idéia é atrair empresas importadoras. E o prejuízo principal fica com a indústria brasileira porque o importado fica menos tributado do que o concorrente nacional.

O estado que avançou mais nessa “guerra” é o Espírito Santo. Além de incentivos que reduzem quase 10% do preço do produto importado, o Estado tem uma linha de financiamento especial, o Fundap.

O Fundap destina recursos para empresas com sede no Espírito Santo que realizam operações de comércio internacional tributadas com ICMS no estado. As empresas que utilizam insumos importados no processo industrial estão habilitadas a esse financiamento desde que tenham uma filial especializada em comércio exterior.

Num cenário em que a participação da indústria brasileira no Produto Interno Bruto teve em 2011 a menor fatia dos últimos 50 anos, é muito difícil que essa guerra continue sendo tolerada.

Como pode ser considerado saudável ao desenvolvimento regional um mecanismo que tira competitividade da indústria brasileira?

Os números são claros: o produto importado que abocanhava menos de 10% do consumo doméstico no início do século, rompeu a barreira dos 20% em 2011. E a indústria brasileira que contribuía com com US$ 33 bilhões para o superávit da balança comercial em 2005, agora tem de ser rebocada pelas commodities agrícolas e minerais, já que o déficit da balança na rubrica indútrial em 2011 é de US$ 43 bi. Uma gangorra!!!

É evidente que os incentivos tributários estaduais não carregam sozinhos o peso da desindustrialização. Outros fatores, como a valorização do real diante das moedas internacionais e o Custo Brasil, que traduz os problemas de infra-estrutura logística, são parceiros deles nesse processo perverso.

Mas a verdade é que a Guerra dos Portos, justificada como mecanismo de alavancar desenvolvimento regional, escancara justamente o contrário: a ausência de uma política nacional nesse campo. Aqui o X dessa questão.

Presente de grego

O pedaço de 70 toneladas do navio grego Ais Giorgis retirado na semana passda do estuário de Santos tem grande valor simbólico para a comunidade portuária.

Isso porque o navio representava uma ameaça para a operação do porto desde o naufrágio, em 1974. Um deslizamentozinho para o canal de navegação e pronto: um problemaço estaria apresentado com o obstáculo para a entrada e a saída de navios.

A retirada do casco submerso faz parte dpos trabalhos de dragagem para alargamento do canal para 220 metros, com dupla mão de navegação e aprofundamento para 15 metros.

Luz no fim do túnel

A unidade de produção de cimento da Camargo Correia em Cubatão está em contagem regressiva para o início de operações. E as autoridades municipais da cidade estão muito otimistas em relação à contratação de um grupo significativo de funcionários demitidos da unidade cubatense da MD Papéis quando ela encerrou as atividades neste início de ano.

Serra em SP e Serra em Cubatão

José Serra, mais uma vez, disputa a Prefeitura de São Paulo pelo PSDB. Nei Serra, mais uma vez, disputa a Prefeitura de Cubatão. Desta vez, pelo PSDB.

O de São Paulo fez que foi, não foi e acabou “fondo”. Primeiro não queria a candidatura. Depois quis. Resultado: mesmo com todo o recall das muitas e muitas eleições, ganhou apertado na prévia do PSDB de gente bem menos conhecida: José Aníbal e Ricardo Trípoli.

O de Cubatão andou desaparecido do cenário, mas mesmo assim apareceu na pesquisa interna do partido na frente do outro pretendente também bem menos conhecido: Arlindo Fagundes Filho, o vice-prefeito atual.

José Serra, aos 70 anos, não demonstra grande entusiasmo pela candidatura. Definiu no final de semana como um “papelzinho” o compromisso registrado em cartório antes das eleições de 2004: o de que não renunciaria à Prefeitura para ser candidato a presidente. Não cumpriu. Renunciou para ser candidato a governador. E ganhou.

Nei Serra, aos quase 70 anos que completa em maio, também não parece muito entusiasmado com o palanque de 2012. Primeiro que já ocupou a Prefeitura três vezes no passado. E segundo que vem de eleições seguidas em que é obrigado a lutar na justiça contra impugnações da candidatura.

José Serra sai na frente na corrida eleitoral paulistana em todas as pesquisas de intenção de voto. Mas enfrenta um candidato do PT, Fernando Haddad, e outro do PMDB, Gabriel Chalita, que têm a tendência de crescer na campanha.

Nei Serra, segundo a Rádio Peão, venceu uma pesquisa em que nem ele nem Arlindo, somados, chegaram aos 50% de preferência dos tucanos como candidato do partido. E enfrenta uma prefeita do PT, Marcia Rosa, bem estruturada para a reeleição.

Dois candidatos em situações completamente diferentes.

Mas com uma semelhança dramática, além do nome, da idade e do partido: traduzem a falta de renovação de lideranças políticas do PSDB em São Paulo e em Cubatão.

Impeachment para Mano

Uma tartaruga em cima de um poste. A imagem é estranha. Mas a comparação é bem conhecida:

“Ninguém sabe como ela chegou lá. Mas todo mundo sabe que vai cair.”

A tartaruga aqui é Mano Menezes. E o alto do poste é o cargo de treinador da Seleção Brasileira.

Não só porque o período dele à frente do time brasileiro tenha futebol e resultados ruins. Isso até é compreensível. A equipe está sendo formada. O futebol que se joga no Brasil não é top no mundo neste momento. O nosso calendário é desorganizado… Uma série de fatores torna muito difícil a vida não só de Mano Menezes na seleção. Mas de qualquer outro: Parreira, Felipão, Dunga ou os possíveis Muricy, Luxemburgo, Tite.

Noves fora essa problemática toda, o fato dos principais jogadores brasileiros atuarem em clubes europeus, torna tudo mais difícil. Não só porque a readaptação ao estilo brasileiro requer um tempinho (basta olhar os repatriados pelos clubes, como Ibson, do Santos, Jadson, do São Paulo, Alex, do Corinthians etc.). Mas também porque falta a esses atletas “estrangeiros” uma maior identificação com a torcida brasileira.

A consciência dessa situação é o mínimo que se pode esperar de um treinador da seleção. Sem essa percepção, ele é a tartaruga no alto do poste. E vai quebrar o casco na queda.

Nesse cenário, um clube, o Santos, desafia o modelo. Recusa proposta miliardária pelo atacante Neymar, o melhor jogador brasileiro na atualidade. Faz um sacrifício enorme. Mas mantém o ídolo no país.

Pois não é que esse sujeito afirma publicamente que, para evoluir, o Neymar tem sair do país e jogar na Europa?

Que empresários, Ronaldo ou Wagner Ribeiro, raciocinem só com dinheiro e digam uma bobagem dessas, é compreensível.

Mas o treinador da Seleção?  Será que ele não percebe que a opinião dele pode ser decisiva não só para Neymar como para outros jovens craques? Porque é ele quem convoca ou não.

Merece, no mínimo, um impeachment.

Chico Anysio

Vou 'batêpatu' - Baiano e os Novos Caetanos.

Você viu, leu e ouviu muita coisa sobre Chico Anysio depois da morte dele. E com razão. A presença do humorista na vida brasileira das últimas décadas é marcante.

Este texto vai só chamar a atenção para um detalhe dessa carreira de sucesso impressionante.

Se você tem mais de 30, vai lembrar imediatamente. Se ainda é sub-30, deve acessar no You Tube: “Baiano e os Novos Caetanos”. Experimente colocar o vídeo de uma das músicas. “Vô batêpatu”, por exemplo.

Chico e o parceiro dele, Arnaud Rodrigues, criaram uma banda brincando com caricaturas de Caetano Veloso e Novos Baianos.

A coisa era não só engraçada mas também tão talentosa, tão talentosa, que as músicas fizeram um sucesso estrondoso. Ficaram entre as mais tocadas nos rádios.

Chico e Arnaud não eram compositores nem cantores. Mas quando criaram personagens com essa funções, alcançaram um patamar de aceitação popular que muitos cantores e compositores nunca alcançaram na carreira.

Esse é só um detalhe da genialidade desse humorista que soube compreender e caricaturizar de maneira tão sensível os tipos que compõem a nossa população brasileira.

Chico Anysio soube se renovar à medida que o tempo passava. Porque conservou a capacidade de captar o aparecimento de novos personagens na vida nacional.

Artistas com essa sensibilidade se tornam eternos. 

Deixar para depois

O final do prazo para a entrega da declaração de Imposto de Renda está chegando. Fica cutucando o inconsciente de muita gente. Uma assombração. Uma preocupação. Quando alguém aborda a questão, todos na roda pensam imediatamente na história de deixar para a última hora.

Todo ano é igual. Correria atrás de documentos no dia-limite. Internet congestionada. E muita gente pagando multa pelo atraso na entrega.

Uma pesquisa do santista Cristian Barbosa, especialista em gestão do tempo, radiografa essa mania de adiar. 52% dos brasileiros pesquisados reconhecem que deixam para depois, lá para a hora H, atividades importantes. E um de cada três admite que gasta pelo menos duas preciosas horinhas da jornada de trabalho… sem fazer nada.

Esse comportamento tem o nome de procrastinação. Mas tem sinônimos mais leves: enrolação, embaço, empurração com a barriga…

Especialistas apontam causas curiosas para esse hábito como medo de ser bem-sucedido e perfeccionismo.

Os mais velhos – e práticos – não concordam. Dizem que é preguiça mesmo. Ou falta de planejamento. Quem não consegue se planejar, acaba tendo de atuar uma boa parte do tempo em emergências. Correr contra o relógio. Uma das consequências é o efeito bola de neve. Você não se planejou, fica requisitado para “apagar incêndios” um atrás do outro. E nunca mais tem tempo para se planejar. Vai chegar a hora em que o incêndio vai queimar você e a falta de planejamento juntos.

Outra consequência dessa roda viva é o abandono de tarefas vitais porque urgências periféricas se impõem. Você precisa fazer um exame de saúde que pode representar a vida ou a morte. Uma mamografia. Um exame de próstata. Como ele pode ser feito a qualquer hora, acaba não sendo feito nunca. Outras atividades com menos importância mas mais emergência, passam na frente.

Às vezes a sensação desse adiamento é de poder:
“Deixa comigo. Na hora que precisar, eu pego e faço”.

Mas é mais frequente o sentimento de culpa:

Será que não era melhor eu estar fazendo?”.

E o resultado desse adiamentos? Coisas feitas às pressas. E a pressa na realização é o caminho mais curto para entortar a mão.

Que futuro você quer preparar?

Uma conversa sempre interessante é a que discute a possibilidade de recomeçar. Uma frase do Chico Xavier que corre pelas redes sociais define muito bem essa oportunidade:

Você não pode voltar para trás e fazer um novo começo. Mas pode começar agora e fazer um novo fim.”

No filme Peggy Sue, Seu Passado a Espera, a personagem vivida pela atriz Kathleen Turner tem a chance de começar de novo. Aos 40 anos, ela desmaia numa festa de confraternização de ex-colegas de Ensino Médio e quando acorda… tinha voltado à adolescência.

O mais interessante é que ela conserva a consciência das vivências experimentadas entre a adolescência e a maturidade.

Mesmo assim não consegue mudar muita coisa.

A única pessoa que acredita na história de Peggy Sue é o avô dela. E quando ela pergunta a ele o que gostaria de fazer se tivesse a chance de voltar no tempo, como ela, o avô pensa bem e diz que cuidaria melhor dos dentes.

É disso que fala a frase de Chico Xavier. A gente não pode voltar no tempo. Mas pode agir nesse momento como se tivesse voltado. Desenhar um novo fim. Preparar um futuro diferente desse para o qual a gente está caminhando.

Se a gente começa a cuidar melhor dos dentes agora, como responde o avô da personagem, não é como se tivesse voltado no tempo com essa consciência? Daqui a 20, 30 anos, não vai colher o resultado desse cuidado?

E se esse agora for utilizado para um curso de aperfeiçoamento profissional, o carinho com as pessoas que merecem, a economia de uma certa quantia todos os meses, a ginástica, o aprendizado de inglês ou de espanhol?

São infinitas as possibilidades de aproveitar o aqui-agora para preparar o futuro.

Podem não ser tão aventurescas quanto a de Peggy Sue, que trouxe das décadas seguintes para a da adolescência dela o conhecimento de músicas de sucesso, figurinos arrojados e inovações tecnológicas.

Pode não ser tão emocionante. Mas pode ser muito, muito gratificante.

Coração duro

Os ônibus urbanos devem ou não ter cobradores? Na semana passada a questão mereceu um comentário no Diário do Litoral, onde mantenho coluna diária com artigos que também publico aqui. O enfoque esteve na questão humana. O motorista que acumula a função fica submetido a stress de alta voltagem. Ainda mais numa concessionária, como a Piracicabana, de Santos, com baixíssimo índice de satisfação do usuário. Esse ponto parece claro. O número de motoristas afastados por problemas psicológicos é alarmante.

A argumentação da eliminação da função dos cobradores é uma e a causa real é outra.

O motivo apontado é a modernização do sistema. Substituição do cobrador pela catraca automatizada e pelo bilhete eletrônico. Na verdade trata-se de redução de custos.

A compra do bilhete eletrônica pode ser imposta ao passageiro?

É bastante questionável.

Ele pode ser um usuário eventual. O carro está no conserto. A moto está na revisão. Trata-se de um turista de passagem pela cidade. Em qualquer desses casos, ele não comprou o bilhete antecipadamente. Se o ônibus que ele vai tomar está passando no momento em que ele está chegando ao ponto, tem todo o direito de entrar e pagar em dinheiro. É bom lembrar que o real é moeda corrente para qualquer transação no Brasil. Inclusive para pagar passagem nos ônibus.

E isso acontece com freqüência. Quantas vezes você, leitora / leitor deste blog,  já não presenciou a cena de alguém correndo para não perder um ônibus?

Ninguém pode ser obrigado a pagar com antecedência um serviço que não sabe quando vai usar.

Só 20% dos passageiros utilizam dinheiro, argumentam os eliminadores de cobradores. E por acaso essa minoria não merece respeito?

O cobrador está mais disponível para esclarecer dúvidas do passageiro quanto ao itinerário. O motorista deve estar concentrado no trânsito. E se a catraca der pane, com a presença do cobrador, o motorista pode continuar o percurso.

A adoção de cobradores gera empregos…

Quem pode ser contra?

Não parece coisa de gente de coração duro?

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