O macho, o andrógino e os 60
Hugo Chávez e David Bowie. Um não tem nada a ver com o outro. Em alguns pontos, chegam a ser opostos.
O venezuelano está chegando aos 60 anos. O inglês já passou dessa marca. Um tem a morte especulada. Outro teve a morte cantada por um grupo de rock. O Flaming Lips gravou Is David Bowie Dying? (David Bowie está morrendo?).
Hugo Chávez tem a imagem do machão latino-americano. Baseia nessa imagem de virilidade a força político / eleitoral. Forte o suficiente para enfrentar e vencer as elites políticas que ocuparam o poder antes dele. E que nunca deram espaço para a população mais pobre.
David Bowie, ao contrário, alcançou o estrelato com uma imagem andrógina. Ambiguidade sexual. Tornou-se uma referência para os roqueiros que vieram depois dele na maquiagem exagerada, por exemplo. Tem muita gente que jura que ele foi flagrado num envolvimento sexual com o rolling stone Mick Jagger
O câncer pélvico apanhou Chávez no contrapé. Na região genital, símbolo da masculinidade. Daí a enorme dificuldade dele para lidar com a doença.
David Bowie também teve dificuldades para lidar com um problema cardíaco sério que enfrentou em 2004. Sumiu de cena.
Neste início de ano o roqueiro inglês surpreendeu o mundo da música. Depois de dez anos vai lançar um álbum novo. Em março sai a primeira música.
Hugo Chávez também surpreendeu o mundo da política ao tomar posse para mais um mandato presidencial de corpo ausente. E sumido.
O único denominador comum entre o astro do rock e o caudilho político é que a conotação sexual da imagem, tanto a da macheza extremada quanto a da androginia não resistem à passagem do tempo. E em especial à marca dos 60.