Olha a hidrovia aí, gente!
A hidrovia passa a fazer parte do cenário de planejamento logístico brasileiro. E, em especial, paulista. E mais especialmente ainda, do Porto de Santos.
É verdade que tem um delay de mais de um século aí. Outros países perceberam muito antes que o transporte hidroviário é mais barato que o modal ferroviário. Que já é bem mais econômico que o rodoviário, o dominante no Brasil.
A soja – grão e farelo – já descobriu desde os anos 80 a hidrovia Tietê-Paraná. E essa redução de custo de transporte representou um dos fatores da competitividade deles no mercado internacional.
Para embarque no Porto de Santos, não há como eliminar o transbordo para caminhão ou vagão. O paredão de mais de 700 metros entre o planalto e o litoral impede a chegada da hidrovia até o porto.
Mas o trecho em que o transporte hidroviário se viabilizou já representa um ganho muito significativo. Vantagem econômica e também ambiental.
Agora outros sintomas da volta das hidrovias aos planos de empresas e autoridades têm se manifestado:
1) A Companhia Docas do Estado de São Paulo já está em fase avançada dos estudos do potencial hidroviário da Baixada Santista. As prefeituras acompanham com muito interesse a questão. Com o sistema viário já apresentando pontos de congestionamentos que sugerem proximidade de saturação, a hidrovia, velha conhecida dos moradores em função das travessias por balsas e barcas entre Santos e Guarujá, Guarujá e Bertioga e Ilhabela e São Sebastião, aparece como uma das melhores alternativas. Tanto para o transporte de passageiros como para o de cargas que se destinam principalmente ao Porto. O transporte de trabalhadores de São Vicente e Praia Grande para Cubatão, atualmente rodoviário e complicadésimo, s eria dramaticamente facilitado pela hidrovia. Projetos como a implantação da Zona de Atividade Logística de Santos, que está sendo gestada na Secretaria Especial dos Portos nos moldes da ZAL de Barcelona, também seriam muito beneficiados. A ZAL de Santos pode chegar a movimentar 2 milhões de TEUs (medida equivalente a um contêiner de 20 pés) por ano e deve ocupar área próxima da Ilha Barnabé, importante ponto de armazenamento de granéis líquidos, e da Rodovia Cônego Domenico Rangoni.
2) A Transpetro, braço logístico da Petrobrás já se prepara para o início da fabricação dos comboios que vão transportar etanol na Hidrovia Tietê-Paraná. Cada comboio vai ser composto de uma “locomotiva’ empurradora e quatro “vagões” barcaças. As metas do projeto são ambiciosas: 20 comboios e 4 bilhões de litros transportados por ano até 2015. Para embarque do etanol para exportação os terminais utilizados deverão ser os da Transpetro em São Sebastião (SP) e no Rio de Janeiro (RJ). Mas uma dutoviazinha pode colocar também o Porto de Santos nessa rota. O custo estimado para a fabricação do conjunto de comboios está perto de R$ 450 milhões.
3) A Carbocloro, gigante que tem unidade de produção em Cubatão, também avança em direção à construção de um canal. A idéia é receber matéria-prima por barcaças para a unidade de produção de cloro que já está operando. O custo, pelas estimativas da Codesp, é de aproximadamente R$ 2 milhões.