A náusea e o desânimo
Recebo pela internet uma crônica de Arnaldo Jabor com o título A Náusea. Jabor relaciona uma série de coisas que ele não aguenta mais: do Lula que nunca sabe de nada ao Sarney que sempre manda em tudo; das balas perdidas que sempre acertam em crianças ao trem-bala de bilhões que atropela hospitais e escolas falidos.
Essas e outras coisas que estão todos os dias nos jornais e estão na lista do Jabor provocam mesmo náusea. E desânimo. Ele expressa isso. De que adianta reclamar, escrever, espernear, acusar?
Terminada a leitura, a náusea e o desânimo tendem a contaminar o leitor.
O antídoto é ingênuo. Mas existe. Está naquela história antiga de que se você melhorar um pouquinho amanhã, o mundo também vai amanhecer melhor.
Tem um ponto-chave no texto do Jabor que é esse:
“Não aturo a dúvida ridícula que assola a reflexão política: paralisia x voluntarismo, processo x solução, continuidade x ruptura”,,,
A evolução social é processo. Não tem um botão de delete, como no computador, para fazer sumir na hora a cara-de-quem-não-sabe-de-nada do Lula ou o abuso de poder secular do Sarney.
Já foi pior. Já houve censura e arbítrio para encobrir a violência e a roubalheira que hoje pelo menos são denunciadas. Muitos lutaram para que Jabor pudesse estar expressando livremente o pessimismo impregnado nele.
Num dos livros de Monteiro Lobato, uma formiga diz para a boneca Emília que não consegue entender como pode ser feliz um ser humano com tanta infelicidade à volta dele.
Uma das melhores respostas a essa questão central, talvez a única, seja a mobilização para transformar essa situação.
Uma das piores, talvez a mais improdutiva, é cruzar os braços e deixar como está para ver como é que fica.