Avenida Brasil
O país parou na sexta-feira às nove da noite para assistir ao último capítulo da novela Avenida Brasil. Noveleiros assumidos se juntaram aos que saíram do armário e aos anti-noveleiros para surfar na onda da Carminha, do Tufão e da Nina. O contágio foi geral. Ganhou repercussão o fato de a presidenta Dilma ter alterado a agenda em função da novela na última semana.
Para autores, diretores e elenco, fica uma marca inesquecível na carreira. O sucesso é doce e inebriante. A Rede Globo conhece o público brasileiro e alcançou a excelência nesse negócio de produzir novelas. Estranhamente perdeu espaço no mercado internacional nos últimos anos. Talvez porque a temática tenha se aproximado mais de questões especificamente brasileiras e se afastado das universais.
Pão e circo, diziam no tempo dos romanos. Alimento e diversão constituíam a fórmula de manter o apoio da população ao esquema no poder.
Não mudou muita coisa nesse ponto do psiquismo humano. O circo ganhou aparato eletrônico. Futebol e novela dominam as conversas ao ponto do ex-presidente Lula ter dito que a população está mais preocupada com o Palmeiras, ameaçado de rebaixamento, do que com o julgamento do mensalão.
Comida, diversão e arte, pediam os Titãs na letra do concretista Arnaldo Antunes.
A novela tem esse status de arte? Se a discussão entrar nesse campo, não termina mais. Grandes atores e atrizes, sem dúvida. Grandes histórias. E a verdade é que a novela tem se aproximado de questões importantes como a corrupção, as características de algumas doenças, o avanço do homossexualismo…
Ainda sem a agudeza de filmes como Tropa de Elite. Mas tem colocado questões reais, dentro do limite que a obrigação de abranger públicos de todos as faixas de idade e renda impõe.
As outras redes de televisão, para enfrentar essa excelência ainda têm de comer muito mingau.