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Descompasso eleitoral em Santos

Gastone Righi merece ser ouvido.

O ex-deputado federal Gastone Righi tem uma opinião original sobre a eleição de Santos. Ele vê um lado extremamente positivo e outro muito ruim.

Gastone merece ser ouvido. Uma porque se trata de uma das grandes lideranças políticas gestadas na história recente da nossa região. Uma poderosa cabeça pensante. E outra porque o ex-deputado foi protagonista na luta santista pela reconquista do direito de eleger o prefeito. O projeto da lei que devolveu a autonomia de Santos e também a de Cubatão e a de São Sebastião, na década de 80, tem autoria dele.

De bom, Gastone aponta o amadurecimento eleitoral. Candidatos qualificados representando todas as tendências políticas. Entre eles ex-prefeitos, deputados estaduais e federais, um ex-secretário estadual, um ex-presidente da Câmara de Santos, ex-secretários municipais com realizações importantes. Ou seja gente preparada e ninguém se valendo de ser exótico para tentar uma aventura. O eleitor tem opções.

De ruim, o ex-parlamentar reclama da ausência de propostas abrangentes, com uma visão de futuro da cidade. Gastone vê muitas propostas pontuais e nenhuma que aponte caminhos a serem trilhados pela cidade em questões importantes, como, por exemplo a mobilidade urbana.

Tem razão nos dois pontos.

Fala-se muito em túnel Zona Leste- Zona Noroeste. Mas não se fala em incentivar a instalação na Zona Noroeste dos equipamentos que provocam esses deslocamentos dos moradores de lá. Fala-se um Poupa Tempo da Saúde e em equipar o antigo Hospital dos Estivadores, adquirido neste ano pela Prefeitura. Mas não se propõe um modelo de integração regional nem se leva em conta que de cada 3 moradores de Santos, 2 são clientes de planos de saúde e não sobrecarregam os serviços públicos desse setor.

Dia desses um ouvinte do Jornal Litoral, da Rádio Mix, chamado Jefferson Ricardo, propôs uma saída direta dos caminhões da Via Anchieta para a Avenida Nossa Senhora de Fátima, antes da entrada da cidade, para aliviar o insuportável trânsito dali. Um dos comentaristas do programa, Ronaldo Serapicos, reagiu dizendo que o Jefferson tinha acabado de se tornar o candidatos dele a prefeito de Santos pela proposta prática, que ele não estava vendo nas campanhas.

Fica uma pergunta para os cientistas políticos: “Se os candidatos são qualificados – e são mesmo – por que será que as propostas não são?”.

Injeção na cidade

Perguntei na Band para o Professor Fabião:

Se tivesse que escolher uma injeção só para dar em Santos entre três possibilidades: sustentabilidade, mobilidade urbana e geração de empregos, qual seria a opção dele”.

Geração de empregos”, Fabião respondeu. “Não há nada melhor do que exercer uma atividade para a qual a pessoa se preparou”.

Tem razão, o candidato do PSB. Do emprego vem a dignidade e sem ele não é possível nem pensar em felicidade.

E por muito tempo conseguir um emprego digno com possibilidades de carreira em Santos era só sonho. Gerações e gerações de jovens foram embora buscar oportunidades em outras cidades.

Mas o morador de Santos, reconhece o Professor Fabião, está muito preocupado com a mobilidade urbana. Desacostumado a conviver com engarrafamentos de trânsito, o santista oscila entre a raiva e o desespero. Manter a antiga fluidez do trânsito é problema complexo. Mas também é evidente que a cidade não se preparou nos últimos 10, 12 anos para para a crônica de uma morte anunciada: a da mobilidade. Uma frota que dobra a cada seis anos não tem como conviver harmoniosamente com um sistema viário que permanece intocado.

A cidade também precisa de um choque de sustentabilidade. O tratamento dado ao lixo, o descarte de óleo de frituras, o tipo de consumo de energia não combinam com a tradição de Santos de estar à frente do seu tempo. Ficamos para trás.

E temos outras preocupações que vão se traduzindo nessa campanha eleitoral: a verticalização, a qualidade do transporte coletivo, o sistema municipal de saúde, a rede municipal de ensino.

São muitas as questões que foram varridas para baixo do tapete à custa de publicidade, como o porquê dos ônibus circularem sem cobradores. Agora voltam à superfície.

E você, leitora / leitor, se tivesse que dar uma injeção só em Santos, qual seria a opção?

Eleição interessante em Santos

A eleição de Santos está desenhada como a mais interessante dos últimos anos. Desde 92, pelo menos, quando David Capistrano (PT) venceu o segundo turno contra Vicente Cascione (PDS), na sucessão de Telma de Souza (PT). Naquela época ainda não havia a possibilidade de reeleição. O ex-prefeito Oswaldo Justo (PMDB) e Beto Mansur (PDT) também disputaram a Prefeitura naquele ano.

A deste ano está mais inflacionada: tem nove candidatos. E o interessante é que vários deles têm chances, por caminhos bem diferentes um do outro, de chegar ao segundo turno.

O mapa eleitoral de 2010 dá uma pista do recall de cada um: Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) teve 60 mil votos para deputado estadual nas urnas de Santos. Telma de Souza (PT) também se elegeu para a Assembléia. 40 mil votos na cidade. E Beto Mansur (PP)chegou à Câmara Federal. Em Santos, teve 30 mil eleitores.

Paulo Alexandre está bem estruturado. A chapa de candidatos a vereador que acompanha o candidato tucano é vista por muitos analistas como a mais forte de todas. Não tem de dar explicações, porque ainda não foi prefeito nem governo municipal. E sabe fazer campanha. Nasceu sabendo.

Telma de Souza e Beto Mansur têm a força eleitoral de muitas campanhas vitoriosas. Ela mais, e ele um pouco menos, têm um número grande de eleitores cativos. O problema deles neste momento é uma certa debilidade política. Não conseguiram coligações fortes. Até agora não conseguiram agregar os grupos políticos que se agruparam me torno deles em outras eleições.

Sérgio Aquino (PMDB) têm essa força política. Representa a tentativa de continuidade de um governo bem avaliado, o do prefeito João Paulo Papa (PMDB). Mas depende muito dessa transfusão de votos do prefeito para ele. Que pode acontecer durante a campanha. Seria natural. Mas que pode também não acontecer. O prefeito ainda não teve a habilidade de transferir prestígio político testada para valer. Em 2010 ficou distante das campanhas de deputados. E em 2006, quando apoiou ostensivamente Marcus de Rosis (PMDB) para deputado estadual, não conseguiu resultados muito expressivos.

Fabião (PSB) deve crescer com um ótimo discurso alternativo. Jama (PRTB) também deve fazer barulho. Eneida (PSOL), Xavier (PSTU) e Nelson Rodrigues (PSL) completam o quadro de nove candidatos.

A eleição santista

As urnas de Santos podem surpreender? Podem. A eleição deste ano já tem a aura de ser a mais interessante dos últimos tempos. E pode ser também a mais surpreendente.

Por quê?

Porque o quadro eleitoral está em descompasso com a moldura política.

As pesquisas apontam dois favoritos destacados para o segundo turno: Telma de Souza (PT) e Paulo Alexandre Barbosa (PSDB). Os dois foram também os mais votados em Santos nas eleições para deputado em 2010.

Só que politicamente, Telma parece muito isolada. Não só porque o PT vai sozinho para a eleição, sem nenhuma coligação. Mas também porque desta vez Telma parece não unir os petistas em torno da candidatura dela.

Acontece alguma coisa parecida com o outro ex-prefeito envolvido na disputa: Beto Mansur (PP). Administrou a cidade de 97 a 2004 e elegeu o sucessor, João Paulo Papa (PMDB), que não retribui o apoio neste ano. Mansur vai ter de enfrentar um candidato que sai do grupo que está na Prefeitura, Sérgio Aquino (PMDB).

Os observadores se dividem nas previsões.

Uma primeira parte aposta na desidratação eleitoral de Telma, na falta de oxigênio de Mansur e no crescimento de Aquino turbinado pela taxa de aprovação alta do prefeito com o eleitorado.

Outra parte não enxerga onde Aquino possa buscar votos. Vêem Telma acima de um patamar de 25%. Beto Mansur, bom de campanha, ganhando eleitores. E Paulo Alexandre, consolidado.

Esse raciocínio, aritmeticamente, garante à candidata do PT uma vaga no segundo turno. E exclui Sérgio Aquino. Porque dos cerca de 90% dos votos válidos, se ela tiver mesmo esses 25%, mesmo que os candidatos de partidos menores não passem de 5%, hipótese pessimista, sobrariam só 60% para Mansur Alexandre e Aquino. E só um deles poderia ter mais de 25%.

Isso faz com que a eleição seja necessariamente surpreendente. Pelo menos para um dos grupos de analistas políticos.

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