São Pedro e a solidariedade
Um caminhão de entregas estava parado na avenida Washington Luiz, Canal 3, na quadra que começa na praia, ontem á noite em Santos. Sentido centro. Mais largo que um carro normal, permitia a passagem de apenas um automóvel por vez. Algumas tábuas que saíam transversalmente da carroceria completavam a atrapalhação.
Numa das vezes em que o funcionário que descarregava a entrega num edifício voltou ao caminhão, o motorista disse a ele que o pessoal que enfrentava o trânsito congestionado por causa deles estava reclamando. O rapaz respondeu bem alto:
“Manda tomar no …”.
Reação típica de quem, mesmo errado, está se lixando para os outros. Falta de solidariedade absoluta em questão importante: cidadania.
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Meu filho, que estuda em São Paulo, e como eu é torcedor do Santos, conta que na quarta-feira, na hora do gol do Boca, contra o Corinthians, a comemoração na vizinhança dele, na Vila Mariana, foi a de um gol do Brasil em Copa do Mundo.
Eu, que me diverti muito com uma frase que li nas redes sociais: “O Boca é o Brasil na Libertadores” acho curioso esse fenômeno. Não basta torcer para o time da gente. Os adversários têm de se dar mal.
Por que será que a gente torce contra o Corinthians e o corintiano torce contra o Santos mesmo se estamos enfrentando times de outros países?
Falta de solidariedade absoluta no futebol, que das coisas menos importantes é a mais importante, segundo o jornalista Milton Neves.
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Hoje é dia de São Pedro. Festa junina tradicional para um dos apóstolos de Cristo, talvez o mais humano deles nas narrativas, em termos de defeitos e imperfeições assumidas.
São Pedro, no folclore católico, é apresentado como o chaveiro do céu. É atribuição dele, nessa versão, decidir quem entra e quem não entra no céu. Cristo falou sobre a dificuldade dessa entrada para os ricos. Muita gente fala que para os ingratos também é muito difícil. Alguma coisa me diz que para os não-solidários, pelo menos nas questões mais importantes que o futebol, é impossível.