Blog do Paulo Schiff

Ideias e Opiniões sobre o cotidiano.

Arquivo para a tag “Paulo Alexandre Barbosa”

Eleição interessante em Santos

A eleição de Santos está desenhada como a mais interessante dos últimos anos. Desde 92, pelo menos, quando David Capistrano (PT) venceu o segundo turno contra Vicente Cascione (PDS), na sucessão de Telma de Souza (PT). Naquela época ainda não havia a possibilidade de reeleição. O ex-prefeito Oswaldo Justo (PMDB) e Beto Mansur (PDT) também disputaram a Prefeitura naquele ano.

A deste ano está mais inflacionada: tem nove candidatos. E o interessante é que vários deles têm chances, por caminhos bem diferentes um do outro, de chegar ao segundo turno.

O mapa eleitoral de 2010 dá uma pista do recall de cada um: Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) teve 60 mil votos para deputado estadual nas urnas de Santos. Telma de Souza (PT) também se elegeu para a Assembléia. 40 mil votos na cidade. E Beto Mansur (PP)chegou à Câmara Federal. Em Santos, teve 30 mil eleitores.

Paulo Alexandre está bem estruturado. A chapa de candidatos a vereador que acompanha o candidato tucano é vista por muitos analistas como a mais forte de todas. Não tem de dar explicações, porque ainda não foi prefeito nem governo municipal. E sabe fazer campanha. Nasceu sabendo.

Telma de Souza e Beto Mansur têm a força eleitoral de muitas campanhas vitoriosas. Ela mais, e ele um pouco menos, têm um número grande de eleitores cativos. O problema deles neste momento é uma certa debilidade política. Não conseguiram coligações fortes. Até agora não conseguiram agregar os grupos políticos que se agruparam me torno deles em outras eleições.

Sérgio Aquino (PMDB) têm essa força política. Representa a tentativa de continuidade de um governo bem avaliado, o do prefeito João Paulo Papa (PMDB). Mas depende muito dessa transfusão de votos do prefeito para ele. Que pode acontecer durante a campanha. Seria natural. Mas que pode também não acontecer. O prefeito ainda não teve a habilidade de transferir prestígio político testada para valer. Em 2010 ficou distante das campanhas de deputados. E em 2006, quando apoiou ostensivamente Marcus de Rosis (PMDB) para deputado estadual, não conseguiu resultados muito expressivos.

Fabião (PSB) deve crescer com um ótimo discurso alternativo. Jama (PRTB) também deve fazer barulho. Eneida (PSOL), Xavier (PSTU) e Nelson Rodrigues (PSL) completam o quadro de nove candidatos.

A eleição santista

As urnas de Santos podem surpreender? Podem. A eleição deste ano já tem a aura de ser a mais interessante dos últimos tempos. E pode ser também a mais surpreendente.

Por quê?

Porque o quadro eleitoral está em descompasso com a moldura política.

As pesquisas apontam dois favoritos destacados para o segundo turno: Telma de Souza (PT) e Paulo Alexandre Barbosa (PSDB). Os dois foram também os mais votados em Santos nas eleições para deputado em 2010.

Só que politicamente, Telma parece muito isolada. Não só porque o PT vai sozinho para a eleição, sem nenhuma coligação. Mas também porque desta vez Telma parece não unir os petistas em torno da candidatura dela.

Acontece alguma coisa parecida com o outro ex-prefeito envolvido na disputa: Beto Mansur (PP). Administrou a cidade de 97 a 2004 e elegeu o sucessor, João Paulo Papa (PMDB), que não retribui o apoio neste ano. Mansur vai ter de enfrentar um candidato que sai do grupo que está na Prefeitura, Sérgio Aquino (PMDB).

Os observadores se dividem nas previsões.

Uma primeira parte aposta na desidratação eleitoral de Telma, na falta de oxigênio de Mansur e no crescimento de Aquino turbinado pela taxa de aprovação alta do prefeito com o eleitorado.

Outra parte não enxerga onde Aquino possa buscar votos. Vêem Telma acima de um patamar de 25%. Beto Mansur, bom de campanha, ganhando eleitores. E Paulo Alexandre, consolidado.

Esse raciocínio, aritmeticamente, garante à candidata do PT uma vaga no segundo turno. E exclui Sérgio Aquino. Porque dos cerca de 90% dos votos válidos, se ela tiver mesmo esses 25%, mesmo que os candidatos de partidos menores não passem de 5%, hipótese pessimista, sobrariam só 60% para Mansur Alexandre e Aquino. E só um deles poderia ter mais de 25%.

Isso faz com que a eleição seja necessariamente surpreendente. Pelo menos para um dos grupos de analistas políticos.

Telma e Beto

De 96 a 2004, Beto Mansur (PP) e Telma de Souza (PT) estrelaram os mais importantes duelos políticos de Santos. Dois segundos turnos diretamente disputados pelos dois (96 e 2000). E mais um (2004) entre ela e o atual prefeito, João Paulo Papa (PMDB), que era vice de Mansur e tinha nele o principal apoio político.

Oito anos depois, Beto Mansur e Telma de Souza correm o risco de se apresentarem como simples coadjuvantes na eleição deste ano.

Ambos têm mandato conquistado em 2010. Ele, deputado federal. Ela, estadual.

Ambos aparecem bem colocados nas pesquisas eleitorais. Ela, em primeiro ou segundo lugar. Ele, em terceiro.

Ambos têm estruturas de campanha bem lubrificadas. Conhecem profundamente o jogo das urnas.

Por que será, então, que estão afastados dos papéis principais?

A resposta é simples: esvaziamento político.

Mansur teria de estar representando a continuidade da administração que está há 15 anos e meio no poder. Mas é Sérgio Aquino (PMDB) que veste esse figurino. É ele que aparece na propaganda política do PMDB ao lado do prefeito, os dois com ternos e gravatas quase iguais, falando no “muito que ainda tem de ser feito”.

As fofocas da Rádio Peão falam em negociações de Beto Mansur para não sair candidato.

Telma de Souza teria de representar o PT encastelado no governo federal. Mas é Sérgio Aquino, também, que veste discretamente esse outro figurino. O partido, dividido em Santos, tem uma banda leal que vai provavelmente sustentar a candidatura de Telma. Mas uma outra banda de petistas e aliados políticos do governo Dilma…  nem pensar.

Sobraria para a deputada a roupa de oposição municipal. Mas esta vai se ajustando, surpreendentemente, a Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), candidato apoiado pelo governador Geraldo Alckmin.  

Os dois com o guarda-roupa político quase vazio, parecem perguntar um para o outro, como no samba de Noel Rosa:

“Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?”.

A eleição de Santos

A temporada de convenções partidárias está começando. Em Santos, o quadro de prefeituráveis parece estar completo.

Telma de Souza (PT) e Beto Mansur (PP) se reapresentam ao eleitorado santista. Ela, pela sexta vez, com uma vitória em 88. Ele, pela quarta vez, com duas vitórias em 96 e 2000.

Sérgio Aquino (PMDB) estréia em disputas eleitorais. Professor Fabião (PSB), tem três eleições para vereador no currículo.

Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) teve pai prefeito e é um campeão de votos em duas disputas para deputado estadual em 2006 e 2010.

Eneida (PSOL) já disputou a Prefeitura em 2008. Vagner Pelonha (PSDC) vai tentar pela primeira vez. E Jama (PRTB) tem no currículo três mandatos de vereador com votações expressivas, uma como o mais votado.

Duas desistências estão contabilizadas: Odair Gonzalez (PR) e Antônio Carlos Silva Gonçalves (PTB). Os dois tendem, por caminhos diferentes, a engrossar o caldo de Paulo Alexandre.

E tem ainda Vicente Cascione (DEM) na dúvida shakesperiana: ser ou não ser candidato?

Dois desses candidatos têm cabos eleitorais poderosos. Paulo Alexandre tem luz política própria e o apoio do governador Geraldo Alckmin (PSDB), de enorme prestígio em Santos. Sérgio Aquino vai ter a companhia do super-bem avaliado prefeito, João Paulo Papa (PMDB), na caça aos votos.

Telma de Souza poderia compor uma trinca de apadrinhados. Mas parece abandonada por Lula, mais preocupado em carregar no colo Fernando Haddad em São Paulo.

Entre os oito, a petista é a mais provável finalista da eleição. O fato de quatro candidatos fortes orbitarem próximos da administração Papa faz com que a estrela isolada da oposição, com alguma coisa entre 25 e 30% dos votos, índice que dificilmente escapa dela, vá para o segundo turno. Isso porque o restante dos cerca de 90% dos votos válidos (65% no caso mais positivo) esteja em disputa pelos outros sete. Se os cinco menos votados deles contabilizarem 20%, sobram 45%. E daí não dá para dois ultrapassarem Telma.

Só um.

Como a petista vem de três derrotas em segundo turno (96, 2000 e 2004) muitos observadores entendem que esse(a) outro(a) finalista vá ser o(a) futuro(a) prefeito(a).

Mas tudo isso, por enquanto, são só hipóteses, especulações. Até as urnas de outubro esses 8 ainda têm muita sola de sapato, muita saliva e muitos minutos de televisão para gastar.

As contas de Beto Mansur

O texto publicado ontem neste espaço abordava a votação, na Câmara de Santos, das contas do exercício de 2003 do ex-prefeito Beto Mansur. O parecer de reprovação do Tribunal de Contas do Estado foi derrubado por 13 votos a 4. O comentário de ontem tinha dois pontos centrais:

1. A fragilidade institucional desse mecanismo de fiscalização, já que o parecer do TCE é técnico e a votação dele pela Câmara, política.

2. Alguns detalhes farsescos envolvidos na votação.

O resultado, entretanto, tem desdobramentos políticos bastante interessantes que também merecem ser comentados.

Quem se beneficia com essa consolidação legal da pré-candidatura de Beto Mansur à Prefeitura de Santos?

Os primeiros a comemorar foram alguns petistas. Alguns, vejam bem. Não todos. Comemoraram aqueles que apostam em mais uma tentativa prefeiturável da deputada Telma de Souza.

O raciocínio é simples. Numa eleição com quatro candidaturas fortes, Beto Mansur (PP) divide o mesmo espaço político com Sérgio Aquino (PMDB) e Paulo Alexandre Barbosa (PSDB). Já na área de Telma de Souza (PT) não fica nenhum concorrente, em princípio, peso-pesado como esses três. Navegando quase sozinha, a passagem da petista para o segundo turno (ela nunca ficou de fora de nenhum) ficaria quase garantida. E ela poderia até tentar nessa segunda fase, uma aliança com o PMDB que já existe no plano federal. É lógico que em Santos há característica locais diferentes. Mas…

Paulo Alexandre, em vantagem na pesquisa, também poderia ser apontado como beneficiado. Se a tendência se confirmar, ele poderia usar no segundo turno o uniforme de anti-PT que ajudou muito Mansur e o atual prefeito nos três segundos turnos em que derrotaram Telma.

Mas é prematura essa avaliação. Primeiro porque Beto Mansur gosta de campanhas políticas e pode crescer e até conquistar a vaga. Segundo porque no terceiro mandato presidencial do PT, o anti-petismo em Santos está mais diluído. E terceiro porque a disputa acirrada no primeiro turno pode deixar seqüelas entre Mansur, Barbosa e Aquino que inviabilizem a união dos eleitores dos três contra Telma na fase decisiva.

Navegação de Posts