Blog do Paulo Schiff

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Trombada eleitoral dupla

Toda disputa – política ou não – tem vitoriosos e derrotados. Óbvio. Mas há derrotas e derrotas. Perder às vezes é etapa construtiva. Lula perdeu três vezes a corrida presidencial. Mas vai ficar na História pelas duas vitórias que se seguiram a elas.

Beto Mansur tem no currículo uma derrota desse tipo. Perdeu no primeiro turno a eleição para a Prefeitura de Santos em 92. Quatro anos depois voltou para ganhar.

Ele nunca poderia imaginar o desmanchamento do cacife eleitoral que construiu nesses 20 anos que separam 92 de 2012 da maneira como aconteceu nesta campanha. Ele começou como um candidato com chances concretas de segundo turno e terminou com uma votação quase de partido nanico.

A derrota de Márcio França é ainda mais dolorosa. Ele não disputou a eleição. Achou que não precisava se envolver pessoalmente para conservar a Prefeitura de São Vicente. Errou a avaliação e viu o filho Caio França ser derrotado por Luís Cláudio Bili.

Articulador político regional, também perdeu em Peruíbe com Milena Bargieri e em Itanhaém, com Marcelo Strama. Em Cubatão, não conseguiu nem articular uma candidatura.

Beto Mansur chegou à eleição de domingo sem o apoio do prefeito João Paulo Papa. Sofria de uma doença fatal para candidaturas nesse estágio atual da política brasileira: esvaziamento político. Enfrentou também a rejeição provocada pelas acusações de trabalho escravo nas fazendas dele e pelo estilo fazendeiro / piloto do próprio avião.

O diagnóstico da derrota de Márcio França parece mais simples: salto alto.

Mansur tem vida empresarial, Márcio França vive para a política.

Como será que vão se repaginar depois dessa trombada?

Três esferas de poder

Lula dizia que não sabia do mensalão que rolava solto do lado da sala dele. Só faltou jurar dando beijinho na mão. Depois passou a negar o mensalão. Nunca tinha existido. Era farsa. Invenção da oposição.

Agora que o esquemão de compra de votos parlamentares foi confirmado e condenado no julgamento do Supremo, Lula diz que a compra de votos no governo Fernando Henrique não foi investigada. Ah!!! Então existe mesmo essa coisa de compra de votos, presidente?

Pior: no governo dele, Lula não viu, mas no do antecessor, sim. A única explicação é evangélica: “É mais fácil ver um cisco no olho do vizinho que uma trave no próprio olho”.

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O candidato José Serra (PSDB) atingiu a marca de 45% de rejeição dos eleitores de São Paulo. Mesmo assim ganhou um beijo na boca de uma jovem na quinta-feira.

Serra não tem do que reclamar. Não costuma cumprir os mandatos que conquista nas urnas. Largou o Senado para ser ministro, a Prefeitura de SP para disputar o governo e o governo para tentar a Presidência.

Pelo jeito, vai se cumprir a definição mais criativa do inferno astral do tucano, do colunista José Simão: “A rejeição do Serra vai ganhar no primeiro turno”

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Faz tempo que a entrada de Santos virou problemão. Todo dia tem congestionamento. Agora o prefeito diz que tem um “projeto conceitual” para a nova entrada e que vai mandar de novo esse projeto para o governo estadual.

João Paulo Papa foi presidente da CET no primeiro mandato de Beto Mansur (97-2000). Foi vice-prefeito e secretário de Planejamento na segunda gestão de Mansur (2001-2004). Está há quase 8 anos como prefeito.

16 anos depois, um projeto “conceitual”? O que será que os motoristas que sofrem nos congestionamentos pensaram dessa história?

As contas de Beto Mansur

O texto publicado ontem neste espaço abordava a votação, na Câmara de Santos, das contas do exercício de 2003 do ex-prefeito Beto Mansur. O parecer de reprovação do Tribunal de Contas do Estado foi derrubado por 13 votos a 4. O comentário de ontem tinha dois pontos centrais:

1. A fragilidade institucional desse mecanismo de fiscalização, já que o parecer do TCE é técnico e a votação dele pela Câmara, política.

2. Alguns detalhes farsescos envolvidos na votação.

O resultado, entretanto, tem desdobramentos políticos bastante interessantes que também merecem ser comentados.

Quem se beneficia com essa consolidação legal da pré-candidatura de Beto Mansur à Prefeitura de Santos?

Os primeiros a comemorar foram alguns petistas. Alguns, vejam bem. Não todos. Comemoraram aqueles que apostam em mais uma tentativa prefeiturável da deputada Telma de Souza.

O raciocínio é simples. Numa eleição com quatro candidaturas fortes, Beto Mansur (PP) divide o mesmo espaço político com Sérgio Aquino (PMDB) e Paulo Alexandre Barbosa (PSDB). Já na área de Telma de Souza (PT) não fica nenhum concorrente, em princípio, peso-pesado como esses três. Navegando quase sozinha, a passagem da petista para o segundo turno (ela nunca ficou de fora de nenhum) ficaria quase garantida. E ela poderia até tentar nessa segunda fase, uma aliança com o PMDB que já existe no plano federal. É lógico que em Santos há característica locais diferentes. Mas…

Paulo Alexandre, em vantagem na pesquisa, também poderia ser apontado como beneficiado. Se a tendência se confirmar, ele poderia usar no segundo turno o uniforme de anti-PT que ajudou muito Mansur e o atual prefeito nos três segundos turnos em que derrotaram Telma.

Mas é prematura essa avaliação. Primeiro porque Beto Mansur gosta de campanhas políticas e pode crescer e até conquistar a vaga. Segundo porque no terceiro mandato presidencial do PT, o anti-petismo em Santos está mais diluído. E terceiro porque a disputa acirrada no primeiro turno pode deixar seqüelas entre Mansur, Barbosa e Aquino que inviabilizem a união dos eleitores dos três contra Telma na fase decisiva.

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