Trombada eleitoral dupla
Toda disputa – política ou não – tem vitoriosos e derrotados. Óbvio. Mas há derrotas e derrotas. Perder às vezes é etapa construtiva. Lula perdeu três vezes a corrida presidencial. Mas vai ficar na História pelas duas vitórias que se seguiram a elas.
Beto Mansur tem no currículo uma derrota desse tipo. Perdeu no primeiro turno a eleição para a Prefeitura de Santos em 92. Quatro anos depois voltou para ganhar.
Ele nunca poderia imaginar o desmanchamento do cacife eleitoral que construiu nesses 20 anos que separam 92 de 2012 da maneira como aconteceu nesta campanha. Ele começou como um candidato com chances concretas de segundo turno e terminou com uma votação quase de partido nanico.
A derrota de Márcio França é ainda mais dolorosa. Ele não disputou a eleição. Achou que não precisava se envolver pessoalmente para conservar a Prefeitura de São Vicente. Errou a avaliação e viu o filho Caio França ser derrotado por Luís Cláudio Bili.
Articulador político regional, também perdeu em Peruíbe com Milena Bargieri e em Itanhaém, com Marcelo Strama. Em Cubatão, não conseguiu nem articular uma candidatura.
Beto Mansur chegou à eleição de domingo sem o apoio do prefeito João Paulo Papa. Sofria de uma doença fatal para candidaturas nesse estágio atual da política brasileira: esvaziamento político. Enfrentou também a rejeição provocada pelas acusações de trabalho escravo nas fazendas dele e pelo estilo fazendeiro / piloto do próprio avião.
O diagnóstico da derrota de Márcio França parece mais simples: salto alto.
Mansur tem vida empresarial, Márcio França vive para a política.
Como será que vão se repaginar depois dessa trombada?