Comunicação pós-moderna
“Quem lê tanta notícia?” perguntava um espantado e preguiçoso Caetano Veloso em Alegria, Alegria. Rolava a década de 60. As “bancas de revistas” certamente não exibiam nem 0,1% da variedade atual. As revistas – e as emissoras de televisão – ainda não eram segmentadas.
Mas onde está o Caetano Veloso do século 21 para perguntar “Quem lê tantos e-mails e torpedos, quem consegue deixar em dia tantas redes sociais?”.
É uma enxurrada. O celular e o facebook moldam uma pressão pelo retorno imediato. A pessoa liga para o celular da outra e fica indignada se não consegue falar na hora. Manda uma mensagem no facebook e xinga de relaxado quem não responde em 15 minutos. E isso é geral. Vale para quem tem intimidade com o “lento” para responder e também para quem não tem.
Conheço gente que atropela o estágio educado de dar um toque no rádio da pessoa com quem quer falar. Aciona logo o alarme. Sei de casos em que o ansioso liga para o celular da vítima e no telefone fixo e aciona alarme nos dois rádios dela . Tudo ao mesmo tempo.
O interlocutor fica transformado em barata tonta.
A comunicação está completamente mudada. Talvez tenha até de mudar de nome. No formato que recebemos de nossos antepassados, comunicar significava tornar comum a informação, compartilhar. No século 20 a comunicação interpessoal perdeu espaço para a comunicação de massas.
E agora veio essa transformação radical do instantâneo, do on line. Que modifica, que deixa sequelas, que exige adaptações – pelo menos as possíveis. Ainda não dá, por exemplo, para deixar de dormir e responder todos os e-mails, torpedos e mensagens de redes sociais.
Será que é o próximo passo?