Blog do Paulo Schiff

Ideias e Opiniões sobre o cotidiano.

Arquivo para a tag “Neymar”

Malandragens e coincidências

Ronaldinho Gaúcho disse que foi por acaso. Mas a releitura das imagens imediatamente anteriores ao primeiro gol do Atlético contra o São Paulo, na quarta -feira à noite, indica que foi malandragem. E malandragem planejada. Ele deu um “migué”, ficou tomando água com o goleiro Rogério Ceni enquanto a bola estava parada e, despercebido, recebeu livre, dentro da área sãopaulina, na reposição. E sem impedimento, que não existe na cobrança de lateral. Nota dez para a malandragem, que recupera um encanto que anda rarefeito no futebol atual.

***

E por falar em malandragem, o ex-prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, misturou no mesmo caldeirão a renúncia do papa, a bomba atômica coreana e a profecia do fim do mundo maia. O resultado foi uma revisita às profecias de São Malaquias, no século 12. Malaquias é visto pelos esotéricos como um iniciado que, por malandragem, viveu entre os padres e frades como se fosse um deles para evitar as duras perseguições religiosas aos magos e feiticeiros no século 12.

A profecia mais impressionante dele é a da sequência dos 115 papas até a “desolação total da Igreja”. O sucessor de Bento 16 seria esse último papa. E as coincidências entre os 15 últimos papas e as profecias fazem valer a pena uma olhadinha na internet.

***

Por falar em coincidência, tem torcedor do Santos, encafifado com o namoro do Neymar com a atriz de novelas Bruna Marquezini.

Os cismados mais antigos lembram do namoro entre Garrincha e a cantora Elza Soares, que coincide com o sumiço das habilidades do botafoguense em campo.

E os mais recentes lembram do eclipse da carreira no Santos e na seleção do meia Elano, que coincidiu com o caso turbulento que ele manteve com a atriz de novelas Nívea Stelman.,

É bom lembrar aos mais preocupados que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Garrincha e Elano saíram de maneira tumultuada de casamentos para esses relacionamentos. Neymar, mesmo já sendo papai, é solteiro.

As referências de Santos

Quem passava pela avenida Ana Costa, em Santos, neste domingo, lá pela uma da tarde, via uma cena bonita que sempre se repete em frente à Igreja Coração de Maria. Um casal de namorados se encaixava naquela escultura metálica vermelha de coração, no canteiro central, e uma amiga, da calçada, registrava tudo com uma câmera fotográfica.

Aquele coração é uma referência.

Lembrei de uma discussão que tinha presenciado na segunda-feira entre dois amigos. Um dizia que a escultura do peixe, na entrada da cidade, é muito feia. O outro tinha opinião totalmente contrária. O peixe, para ele, é uma referência maravilhosa. Concordo com o segundo. Gosto muito daquele peixe.

Fiquei tentando lembrar de outras referências marcantes desse tipo.

Tem a escultura vermelha da imigração japonesa, da artista plástica Tomie Othake no Emissário Submarino. Tem o “5” vermelho de concreto na frente do Roxy, indicando que ali é um cinema multiplex com cinco salas. Tinha um “a” também de concreto na frente da Faculdade de Arquitetura da Católica na Conselheiro Nébias. Homenagem criativa de um grupo de alunos. Se você lembra de outra, manda para mim pelo e-mail. Também de Praia Grande, São Vicente, Cubatão, Guarujá, Bertioga, Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe…

Referências desse tipo, marcantes, são importantes. São elas que caracterizam a cidade. É como o jeito de usar o cabelo, a camisa ou o tênis numa pessoa.

Todas essas referências de Santos você, leitora / leitor, conhece, não conhece? Todas chamam a atenção. ´Talvez pela cor, talvez pelo formato, talvez pelo arrojo… Quase sempre pela criatividade.

Os jovens sempre conseguem inovar no cabelo. Quem diria que aquele penacho do Neymar ia virar moda? As cuecas aparecendo por baixo das bermudas… O tênis com os cadarços desamarrados e agora sem cadarços…

As novas referências marcam a personalidade e sinalizam a vitalidade de cada geração. Com as cidades é exatamente igual.

Serra e Neymar

Um copo com água pela metade. Nada mais banal e cotidiano. Pois uma parte das pessoas tem uma visão: a de um copo 50% cheio. E outra parte vê o copo meio vazio. As duas visões têm significados idênticos. Mas são diferentes e, às vezes, até confrontantes e conflituosas. Depende da sede… Só para dar o crédito: a primeira pessoa que vi expressar esse conceito foi Yoko Ono, a viúva do beatle John Lennon.

Se é assim com o copo, assim é com José Serra, o tucano que parece chegar a um melancólico final de carreira com a derrota desse domingo em São Paulo.

Um jornalista tucano definiu com perfeição: Serra tem ótimos atributos mas uma carreira com péssimas atitudes. Inteligência poderosa, ótima capacidade de gestão, Serra é o ministro dos genéricos e da quebra de patente dos medicamentos contra a Aids, entre outras realizações. Foi um dos principais mentores do excelente governo Montoro em SP. Mas a antipatia, uma dose de arrogância e as renúncias à prefeitura e ao governo estadual para concorrer a outros cargos fizeram com que ele perdesse para ele mesmo.

E se é assim com o copo d´água e com o candidato tucano, assim também é com Neymar. Craque excepcional? Sim, já demonstrou com sobras em campo. Comparável a Pelé e a Garrincha, embora ainda esteja no início da carreira. Maior que Zico, Romário e Ronaldo, provavelmente. Mas questionado porque ainda não jogou em outros países. Precisa?

Questionado também nesta semana porque reclamou que os companheiros, muitas vezes, ficam estáticos, esperando que ele resolva a jogada – e o jogo – sozinho. Futebol é coletivo. Se os adversários cercam ele com três e dão pancada, como tem acontecido, os companheiros ficam com marcação mais frouxa. Às vezes Neymar consegue mesmo resolver sozinho. Mas na maior parte das partidas, não. Mesmo assim tem torcedor que em lugar da gratidão pelo futebol e pela dedicação fora de série, acha que ele TEM que resolver sozinho pelo que ganha.

Meio cheio ou meio vazio?

Para que estudar?

O repórter-humorista do CQC da Band faz uma pergunta de taboada a Neymar:

“Quanto dá 8 vezes 9?”.

No lugar da resposta, setenta e dois, vem um silêncio acompanhado de um mix de constrangimento e surpresa.

Alguns professores universitários garantem que se a pergunta for feita a muitos terceiranistas ou quartanistas de Direito, o silêncio, a surpresa e o constrangimento vão ser iguaizinhos.

E se no lugar de Direito, estiver Medicina ou Engenharia…

Pior, se a questão for apresentada a um professor formado…

O problema, no Brasil, é estrutural. A educação não é vista como o caminho natural para a realização pessoal e profissional.

O caso de Neymar, milionário que desconhece a taboada, reforça essa distorção.

Mas não é só o dele. Tivemos um presidente da República, Lula, que cansou de se vangloriar de não ter a formação sofisticada do antecessor dele no cargo, Fernando Henrique Cardoso.

Transformamos em campeão nacional de votos um candidato, Tiririca, que se apresentava ao eleitor dizendo que não sabia para que servia um deputado, cargo que ele disputava.

Meninas sonham em ser a próxima Gisele Bundchen. Meninos, em ser o futuro Neymar. Top models e estrelas do futebol estão no topo de carreiras que não exigem estudos.

Enquanto o sonho de passar por esse apertadíssimo funil e se tornar uma dessas raríssimas exceções povoa corações e mentes dos jovens brasileiros, 1 em cada 4 concursos para seleção de professores das universidades federais de São Paulo é encerrado sem nenhum aprovado.

Ensinar e ser remunerado para fazer pesquisa interessa a muito poucos. Um dos fatores desse desinteresse gigantesco é a desvalorização – tanto social quanto salarial – da carreira de professor.

E assim o país continua trafegando na contramão da evolução do conhecimento. Para que se debruçar para interpretar textos e aprender a fazer cálculos?

Quanto dá mesmo oito vezes nove?

CO2 e erosão de praias

Muitas conversas desse feriado acoplado ao final de semana giraram em torno da beleza da russa Maria Sharapova, campeã do torneio de tênis de Roland Garros e de mais um duelo entre Messi e Neymar vencido pelo argentino. Teve também a dramática revelação, na novela Avenida Brasil, de que a mãe adotiva Carminha é na verdade a mesma mãe de sangue que abandonou o filho adotado Jorginho num lixão. No nosso litoral, um assunto ainda mais dominante foi o da chuva persistente associada a uma onda de frio que aqui castiga mais que em outros lugares em função do índice alto da umidade do ar.

Tudo é interligado. Muita chuva, as pessoas assistem a muita televisão. Daí, Sharapova, Messi e as lágrimas de crocodilo da Carminha invadirem as conversas.

Um assunto que poucos litorâneos gostam de abordar é o da elevação do nível do mar e da erosão de muitas praias pelo Brasil todo. Mas alguns chatos, entre os quais estou incluído, tocam de vez em quando nesse assunto.

Nos últimos dias, foi divulgada uma pesquisa que elimina o principal argumento contra a relação entre a emissão de gás carbônico CO2 e o aumento da temperatura do planeta. O argumento era de que em outras eras a temperatura aumentava primeiro e a concentração do CO2 depois. Os cientistas, pesquisando os registros de geleiras milenares não só provaram que é primeiro o gás e depois o aumento como também quantificaram que o aumento de CO2 na atmosfera nesses últimos 100 anos (era do petróleo) é equivalente aos dos 10 mil anos anteriores.

Outra pesquisa mostra erosão brava em 120 praias brasileiras, algumas pertinho daqui, em São Sebastião e Ubatuba. Que se deve não só à elevação do nível dos oceanos mas também a obras mal planejadas que interferem no fluxo da areia.

O assunto é chato e incômodo. Mas se a gente adiar a discussão dele, pode ser fique tarde demais para os procedimentos que podem evitar os danos maiores.

Impeachment para Mano

Uma tartaruga em cima de um poste. A imagem é estranha. Mas a comparação é bem conhecida:

“Ninguém sabe como ela chegou lá. Mas todo mundo sabe que vai cair.”

A tartaruga aqui é Mano Menezes. E o alto do poste é o cargo de treinador da Seleção Brasileira.

Não só porque o período dele à frente do time brasileiro tenha futebol e resultados ruins. Isso até é compreensível. A equipe está sendo formada. O futebol que se joga no Brasil não é top no mundo neste momento. O nosso calendário é desorganizado… Uma série de fatores torna muito difícil a vida não só de Mano Menezes na seleção. Mas de qualquer outro: Parreira, Felipão, Dunga ou os possíveis Muricy, Luxemburgo, Tite.

Noves fora essa problemática toda, o fato dos principais jogadores brasileiros atuarem em clubes europeus, torna tudo mais difícil. Não só porque a readaptação ao estilo brasileiro requer um tempinho (basta olhar os repatriados pelos clubes, como Ibson, do Santos, Jadson, do São Paulo, Alex, do Corinthians etc.). Mas também porque falta a esses atletas “estrangeiros” uma maior identificação com a torcida brasileira.

A consciência dessa situação é o mínimo que se pode esperar de um treinador da seleção. Sem essa percepção, ele é a tartaruga no alto do poste. E vai quebrar o casco na queda.

Nesse cenário, um clube, o Santos, desafia o modelo. Recusa proposta miliardária pelo atacante Neymar, o melhor jogador brasileiro na atualidade. Faz um sacrifício enorme. Mas mantém o ídolo no país.

Pois não é que esse sujeito afirma publicamente que, para evoluir, o Neymar tem sair do país e jogar na Europa?

Que empresários, Ronaldo ou Wagner Ribeiro, raciocinem só com dinheiro e digam uma bobagem dessas, é compreensível.

Mas o treinador da Seleção?  Será que ele não percebe que a opinião dele pode ser decisiva não só para Neymar como para outros jovens craques? Porque é ele quem convoca ou não.

Merece, no mínimo, um impeachment.

Navegação de Posts