Blog do Paulo Schiff

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Falta pão

A Polícia Militar de São Paulo parece atordoada pela sequência de golpes que vêm tomando dos bandidos. Bases são atacadas, ônibus incendiados e policiais assassinados. O estado de alerta, as interrupções de férias e os PMs da área administrativa reforçando a tropa de rua parecem insuficientes para enfrentar a crise.

Os líderes de países sul-americanos parecem atordoados diante do impeachment-relâmpago do presidente do Paraguai. Fernando Lugo foi derrubado institucionalmente do poder para o qual foi eleito em 30 horas. A oposição responsabiliza Lugo por um conflito entre policiais e camponeses com quase 20 mortes. Dilma Roussef, do Brasil, e Cristina Kirchner, da Argentina, estudam com outras lideranças sanções políticas e econômicas contra o Paraguai em crise. Mas parece impotente essa defesa externa da frágil democracia paraguaia.

Líderes do mundo todo parecem atordoados, também, diante da escalada da degradação ambiental. A Conferência Rio + 20 terminou sem nenhuma resolução firme sobra sustentabilidade, tema do encontro de 114 países, e sobre alternativas para proteção dos oceanos.

No plano interno da política, até o antes infalível ex-presidente Lula parece atordoado diante da quizumba do PT de São Paulo. A vice prometida, Erundina, se rebelou contra a aliança com Maluf e tirou o time de campo. E a senadora Marta Suplicy que queria ser a candidata petista e nunca engoliu a “novidade” Fernando Haddad, ungido por Lula, agora questiona abertamente a decisão que veio imposta ao partido, de cima para baixo.

No plano regional, todos os envolvidos, que são muitos, parecem, também, atordoados na questão da escala de trabalhadores avulsos no Porto de Santos. Ministério Público do Trabalho, sindicatos de trabalhadores e patronais, Órgão Gestor de Mão de Obra entram e saem de reuniões intermináveis e a confusão só faz aumentar. Será que os 60 dias determinados pelo Tribunal Regional do Trabalho serão suficientes para um acordo?

A sensação é a de que chegamos a uma época em que as minorias, com voz ativa nas redes sociais, não aceitam mais decisões tomadas pela maioria. Isso vale também para as leis que atualmente parecem feitas para ser desrespeitadas.

Ou então está valendo aquele velho ditado que diz que em casa onde falta pão todos gritam e ninguém tem razão.

A eleição de Santos

A temporada de convenções partidárias está começando. Em Santos, o quadro de prefeituráveis parece estar completo.

Telma de Souza (PT) e Beto Mansur (PP) se reapresentam ao eleitorado santista. Ela, pela sexta vez, com uma vitória em 88. Ele, pela quarta vez, com duas vitórias em 96 e 2000.

Sérgio Aquino (PMDB) estréia em disputas eleitorais. Professor Fabião (PSB), tem três eleições para vereador no currículo.

Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) teve pai prefeito e é um campeão de votos em duas disputas para deputado estadual em 2006 e 2010.

Eneida (PSOL) já disputou a Prefeitura em 2008. Vagner Pelonha (PSDC) vai tentar pela primeira vez. E Jama (PRTB) tem no currículo três mandatos de vereador com votações expressivas, uma como o mais votado.

Duas desistências estão contabilizadas: Odair Gonzalez (PR) e Antônio Carlos Silva Gonçalves (PTB). Os dois tendem, por caminhos diferentes, a engrossar o caldo de Paulo Alexandre.

E tem ainda Vicente Cascione (DEM) na dúvida shakesperiana: ser ou não ser candidato?

Dois desses candidatos têm cabos eleitorais poderosos. Paulo Alexandre tem luz política própria e o apoio do governador Geraldo Alckmin (PSDB), de enorme prestígio em Santos. Sérgio Aquino vai ter a companhia do super-bem avaliado prefeito, João Paulo Papa (PMDB), na caça aos votos.

Telma de Souza poderia compor uma trinca de apadrinhados. Mas parece abandonada por Lula, mais preocupado em carregar no colo Fernando Haddad em São Paulo.

Entre os oito, a petista é a mais provável finalista da eleição. O fato de quatro candidatos fortes orbitarem próximos da administração Papa faz com que a estrela isolada da oposição, com alguma coisa entre 25 e 30% dos votos, índice que dificilmente escapa dela, vá para o segundo turno. Isso porque o restante dos cerca de 90% dos votos válidos (65% no caso mais positivo) esteja em disputa pelos outros sete. Se os cinco menos votados deles contabilizarem 20%, sobram 45%. E daí não dá para dois ultrapassarem Telma.

Só um.

Como a petista vem de três derrotas em segundo turno (96, 2000 e 2004) muitos observadores entendem que esse(a) outro(a) finalista vá ser o(a) futuro(a) prefeito(a).

Mas tudo isso, por enquanto, são só hipóteses, especulações. Até as urnas de outubro esses 8 ainda têm muita sola de sapato, muita saliva e muitos minutos de televisão para gastar.

Quanto mais explica…

…mais complica. A entrada de José Serra (PSDB) virou de cabeça para baixo a disputa eleitoral pela Prefeitura de São Paulo. Não pelo futuro resultado que não tem como ser previsto. Mas pelo comportamento das lideranças envolvidas, ainda mais imprevisível que as urnas.

O prefeito Gilberto Kassab (PSD) que vinha dançando dois-prá-lá-dois-prá-cá com o ex-presidente Lula (PT), abandonou imediatamente o par. No minuto seguinte já estava rodopiando de rosto colado com Serra pelo salão.

Como pode? PT e PSDB não estão nos pólos políticos mais opostos do país? Kassab nem liga para essa polaridade. Vai da eletricidade negativa para a positiva sem arrepiar nenhum fio de cabelo. Agora dá para entender melhor a definição surrealista do partido (PSD) criado por ele: “Nem de direita, nem de esquerda, nem de centro”.

A reação do pré-candidato petista tem dose equivalente de non-sense: “Vamos apresentar um plano de mudança”. Tradução: discurso de oposição. Ou seja: com o apoio do prefeito, Fernando Haddad se apresentaria como o candidato da situação. Sem a aliança, uma varinha mágica transforma Haddad em candidato oposicionista.

Como pode? O PT aprova ou reprova a gestão kassabista?

Nenhuma lógica explica o comportamento dessas duas figuras e desses dois partidos. Kassab e o PSD não apoiariam nenhum dos pré-candidatos que disputariam as prévias tucanas: Bruno Covas, Andréa Matarazzo, José Aníbal e Ricardo Trípoli. Abraçariam Lula e o PT. Mas pulam alegremente para o barco do PSDB se o piloto for Serra. E Haddad e o PT, sem Serra na disputa, adotariam o discurso de falar bem da gestão Kassab. Agora decidiram que vão cair de pau.

A novela tem ainda outro elemento para confundir a cabeça do eleitor. Serra, se ganhar, fica na Prefeitura até o fim de 2016 ou renuncia em 2014 para virar presidenciável com fez em 2006 com o mandato conquistado em 2004?

Quanto mais explica, mais complica.

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