Falta pão
A Polícia Militar de São Paulo parece atordoada pela sequência de golpes que vêm tomando dos bandidos. Bases são atacadas, ônibus incendiados e policiais assassinados. O estado de alerta, as interrupções de férias e os PMs da área administrativa reforçando a tropa de rua parecem insuficientes para enfrentar a crise.
Os líderes de países sul-americanos parecem atordoados diante do impeachment-relâmpago do presidente do Paraguai. Fernando Lugo foi derrubado institucionalmente do poder para o qual foi eleito em 30 horas. A oposição responsabiliza Lugo por um conflito entre policiais e camponeses com quase 20 mortes. Dilma Roussef, do Brasil, e Cristina Kirchner, da Argentina, estudam com outras lideranças sanções políticas e econômicas contra o Paraguai em crise. Mas parece impotente essa defesa externa da frágil democracia paraguaia.
Líderes do mundo todo parecem atordoados, também, diante da escalada da degradação ambiental. A Conferência Rio + 20 terminou sem nenhuma resolução firme sobra sustentabilidade, tema do encontro de 114 países, e sobre alternativas para proteção dos oceanos.
No plano interno da política, até o antes infalível ex-presidente Lula parece atordoado diante da quizumba do PT de São Paulo. A vice prometida, Erundina, se rebelou contra a aliança com Maluf e tirou o time de campo. E a senadora Marta Suplicy que queria ser a candidata petista e nunca engoliu a “novidade” Fernando Haddad, ungido por Lula, agora questiona abertamente a decisão que veio imposta ao partido, de cima para baixo.
No plano regional, todos os envolvidos, que são muitos, parecem, também, atordoados na questão da escala de trabalhadores avulsos no Porto de Santos. Ministério Público do Trabalho, sindicatos de trabalhadores e patronais, Órgão Gestor de Mão de Obra entram e saem de reuniões intermináveis e a confusão só faz aumentar. Será que os 60 dias determinados pelo Tribunal Regional do Trabalho serão suficientes para um acordo?
A sensação é a de que chegamos a uma época em que as minorias, com voz ativa nas redes sociais, não aceitam mais decisões tomadas pela maioria. Isso vale também para as leis que atualmente parecem feitas para ser desrespeitadas.
Ou então está valendo aquele velho ditado que diz que em casa onde falta pão todos gritam e ninguém tem razão.