Serra e Neymar
Um copo com água pela metade. Nada mais banal e cotidiano. Pois uma parte das pessoas tem uma visão: a de um copo 50% cheio. E outra parte vê o copo meio vazio. As duas visões têm significados idênticos. Mas são diferentes e, às vezes, até confrontantes e conflituosas. Depende da sede… Só para dar o crédito: a primeira pessoa que vi expressar esse conceito foi Yoko Ono, a viúva do beatle John Lennon.
Se é assim com o copo, assim é com José Serra, o tucano que parece chegar a um melancólico final de carreira com a derrota desse domingo em São Paulo.
Um jornalista tucano definiu com perfeição: Serra tem ótimos atributos mas uma carreira com péssimas atitudes. Inteligência poderosa, ótima capacidade de gestão, Serra é o ministro dos genéricos e da quebra de patente dos medicamentos contra a Aids, entre outras realizações. Foi um dos principais mentores do excelente governo Montoro em SP. Mas a antipatia, uma dose de arrogância e as renúncias à prefeitura e ao governo estadual para concorrer a outros cargos fizeram com que ele perdesse para ele mesmo.
E se é assim com o copo d´água e com o candidato tucano, assim também é com Neymar. Craque excepcional? Sim, já demonstrou com sobras em campo. Comparável a Pelé e a Garrincha, embora ainda esteja no início da carreira. Maior que Zico, Romário e Ronaldo, provavelmente. Mas questionado porque ainda não jogou em outros países. Precisa?
Questionado também nesta semana porque reclamou que os companheiros, muitas vezes, ficam estáticos, esperando que ele resolva a jogada – e o jogo – sozinho. Futebol é coletivo. Se os adversários cercam ele com três e dão pancada, como tem acontecido, os companheiros ficam com marcação mais frouxa. Às vezes Neymar consegue mesmo resolver sozinho. Mas na maior parte das partidas, não. Mesmo assim tem torcedor que em lugar da gratidão pelo futebol e pela dedicação fora de série, acha que ele TEM que resolver sozinho pelo que ganha.
Meio cheio ou meio vazio?