Blog do Paulo Schiff

Ideias e Opiniões sobre o cotidiano.

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Patos mancos

O próximo presidente já está eleito. Mas o atual ainda tem um restinho de mandato, até o final do ano. Nos Estados Unidos esse presidente que está de saída recebe o apelido de pato manco.

Na Baixada Santista, por esse critério, teríamos neste momento 5 prefeitos patos mancos: Tércio Garcia (PSB), de São Vicente, Milena Bargieri (PSB), de Peruíbe, Roberto Francisco (PSDB), de Praia Grande, Forssel (PSDB), de Itanhaém e João Paulo Papa (PMDB), de Santos.

Se a manquitolice dos patos pudesse receber graduações, Roberto Francisco, que apoiou o eleito Alberto Mourão (PSDB), e Forssel, que conseguiu eleger o sucessor Marco Aurélio (PSDB), estão mancos de uma pata só. João Paulo Papa e Tércio Garcia, que amargaram derrotas dos candidatos dos partidos deles, mancos de duas patas. Milena, que perdeu ela mesma a eleição, estaria manca das duas patas e das duas asas.

Como será a vida de um pato manco?

Dizem que o cafezinho dele chega frio. Que o ascensorista continua falando mal do governo dele depois que ele entra no elevador. Que o motorista chega atrasado quando ele chama…

Fernando Henrique foi um pato manco cheio de dignidade. Escancarou todos os departamentos do governo para o sucessor Lula na transição. João Batista Figueiredo, o último presidente da ditadura, um pato manco ressentido. Saiu pela porta dos fundos para não ter de entregar a faixa presidencial para José Sarney.

Patos mancos que não conseguem eleger o sucessor costumam ter mais aborrecimentos que alegrias. A debandada de colaboradores infiéis, a insegurança profissional de colaboradores fiéis, a cobrança de correligionários quanto a erros de estratégia que provocaram a derrota, críticas à gestão que se multiplicam…

No poder, prefeitos, governadores e presidentes se desacostumam a abrir portas. Sempre tem alguém para fazer essa gentileza. Papa, Tércio, Milena, Francisco e Forssel já podem ir treinando com as maçanetas…

Três esferas de poder

Lula dizia que não sabia do mensalão que rolava solto do lado da sala dele. Só faltou jurar dando beijinho na mão. Depois passou a negar o mensalão. Nunca tinha existido. Era farsa. Invenção da oposição.

Agora que o esquemão de compra de votos parlamentares foi confirmado e condenado no julgamento do Supremo, Lula diz que a compra de votos no governo Fernando Henrique não foi investigada. Ah!!! Então existe mesmo essa coisa de compra de votos, presidente?

Pior: no governo dele, Lula não viu, mas no do antecessor, sim. A única explicação é evangélica: “É mais fácil ver um cisco no olho do vizinho que uma trave no próprio olho”.

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O candidato José Serra (PSDB) atingiu a marca de 45% de rejeição dos eleitores de São Paulo. Mesmo assim ganhou um beijo na boca de uma jovem na quinta-feira.

Serra não tem do que reclamar. Não costuma cumprir os mandatos que conquista nas urnas. Largou o Senado para ser ministro, a Prefeitura de SP para disputar o governo e o governo para tentar a Presidência.

Pelo jeito, vai se cumprir a definição mais criativa do inferno astral do tucano, do colunista José Simão: “A rejeição do Serra vai ganhar no primeiro turno”

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Faz tempo que a entrada de Santos virou problemão. Todo dia tem congestionamento. Agora o prefeito diz que tem um “projeto conceitual” para a nova entrada e que vai mandar de novo esse projeto para o governo estadual.

João Paulo Papa foi presidente da CET no primeiro mandato de Beto Mansur (97-2000). Foi vice-prefeito e secretário de Planejamento na segunda gestão de Mansur (2001-2004). Está há quase 8 anos como prefeito.

16 anos depois, um projeto “conceitual”? O que será que os motoristas que sofrem nos congestionamentos pensaram dessa história?

Pesadelo petista

Uma semana terrível. Muitos petistas gostariam de exorcizar esse começo de fevereiro. O DNA sindicalista do PT aprendendo na Bahia que gás de pimenta na greve dos outros é refresco. E o governo de Dilma Roussef, conjugando nos aeroportos o verbo-palavrão da cartilha do partido: privatizar.

É verdade que não é o primeiro sutiã, aquele que a garota nunca esquece. A temporada de greves do ano passado já tinha sido brava. Assim como na gestão de Lula estradas federais tinham sido concedidas à iniciativa privada. 

Só que agora é diferente. Agudizou. Nas rodovias, o critério de menor preço de pedágio tinha adoçado o remédio amargo da privatização. E na greve, Assembléia ocupada, bandidagem de policiais, prisão de lideranças… O mundo virou de cabeça para baixo.

Dessa vez, bicos tucanos saíram em campo para lembrar discursos do passado: Fernando Henrique, Luís Carlos Mendonça de Barros…

De um lado, privatizações e posturas rigorosas contra grevistas lembram aquele velho ditado da política:

“Muda tudo quando senta na cadeira”.

É muito difícil, no exercício do poder, manter a coerência do discurso de oposição.

Dilma deve ter travado a língua trinta vezes antes de dizer que:

 “Não é possível esse tipo de prática [conceder anistia], senão vai chegar um momento em que vão anistiar antes que o movimento comece”. E que “Se anistiar, vira um país sem regras”.

Petistas vão ter pesadelos nos próximos dias imaginando a campanha de 2014. Já pensaram na imagem de Aécio Neves em cima de um palanque acusando Dilma de querer privatizar a Petrobrás? 

Galinha dos impostos de ouro

Entre os principais troféus do primeiro ano da gestão Dilma Roussef, está o êxito do cumprimento da meta de superávit fiscal. Houve folga de quase R$ 1 bilhão em relação aos R$ 128 bilhões previstos. Sucesso. Mas…

Mas a taxa Selic, mais alta durante o ano todo, jogou o pagamento dos juros da dívida pública para a estratosfera: R$ 237 bilhões, uma montanha de dinheiro. Ou seja: déficit real de R$ 108 bilhões. Uma fatia – perigosa – de 2,61% do Produto Interno Bruto – PIB. Maior que a de 2010, 2,48%.  

Isso explica dois movimentos federais nesse começo de 2011. Um deles é bissexto: redução da taxa Selic. O segundo é o assanhamento arrecadatório de sempre.

“Vamos fermentar esse bolo” é o mantra de Dilma e de Mantega antes de dormir. Como era de Lula, Fernando Henrique, Dom Pedro II… 

O aumento de arrecadação está entre os pilares do cumprimento da meta de superávit primário do ano passado. E a idéia é engordar um pouquinho mais essa coluna neste ano duro, que tem reajuste ambicioso do salário mínimo, e enorme pressão por investimentos para Copa e Jogos Olímpicos.

Os aeroportos já entraram nesse bolão com o sucesso do leilão de privatização desta semana.

E os portos, onde entram nisso?

Pelos anúncios desta semana, pagando impostos e taxas mais altas.

Na terça-feira já abordamos aqui a iniciativa da Companhia Docas do Estado de São Paulo – Codesp – de submeter à aprovação do Conselho de Autoridade Portuária um salgado reajuste de taxas. O uso da infra-estrutura portuária, normalmente desembolsado pelo armador, seria reajustado em 32,5%. O da infra terrestre, pago pelo terminal, 103,9%. E os serviços gerais, 188,3%. Para amenizar o impacto desse aumento de custos para armadores e operadores, a idéia é escalonar em 3 anos o reajuste. Agência Nacional de Transportes Aquaviários relativa à Resolução Nº 2.367 que aprova a proposta de norma para procedimentos para a elaboração de projetos de arrendamentos e para a revisão do

E hoje em Brasília vai ser realizada a audiência pública presencial da equilíbrio econômico financeiro dos contratos de arrendamento de áreas e instalações nos portos organizados.

Se já existe a revisão extraordinária dos contratos de arrendamento diante da “ocorrência de externalidades que afetem, de forma continuada e substancial a operação da arrendatária”, para que revisões ordinária a cada 5 anos?

Sobrecarga tributária pode inibir a atividade e ter efeito oposto: reduzir arrecadação.

Conselho de Autoridade Portuária – CAP

O movimento que pleiteia a nomeação de uma liderança empresarial para a presidência do CAP de Santos, para ganhos de agilidade e da função estratégica desse órgão, está usando o exemplo do governo federal.

O empresário Jorge Gerdau, coordenador da Câmara de Gestão e Planejamento do governo de Dilma Rousseff, uma espécie de consultoria interna para assuntos estratégicos, é o modelo citado.

A idéia é a de trazer para o CAP uma pessoa que tenha, como Gerdau, um olhar crítico em relação às políticas publicas, no caso as do Porto de Santos, e consiga, ao mesmo tempo, manter a sintonia com as autoridades, no caso as  portuárias.

Para escapar do “Endurecer sem perder a ternura”, “Avanço em etapas” é o slogan do movimento. 

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