Histórias que não colam
Fragilidade física para exercer a função de papa. Quando Bento 16 anunciou a renúncia, usou essa justificativa. Ficou uma pergunta no ar:
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Quem quer acreditar nisso?
As sombras atrás da porta se apresentavam muito mais convincentes e temperadas: sexo proibido, chantagem e roubalheira.
Os desdobramentos da renúncia vão mostrando aos poucos que os incrédulos estavam certos. Desvios no Banco Central do Vaticano, orgias homossexuais de figuras importantes da Santa Sé e acobertamento de casos de pedofilia têm muito mais mais relação com a decisão do Papa do que saúde abalada.
Acontece coisa parecida com outras duas histórias deste fevereiro.
A primeira é a da morte do adolescente boliviano no estádio. A confissão do crime pelo menor de idade membro da torcida organizada Gaviões da Fiel pode até ser verdadeira. Mas é tão conveniente que ninguém quer acreditar nela. E os primeiros incrédulos são os bolivianos. A figura meio patética do advogado que deveria defender o cliente mas que se constitui em acusador reforça a imagem de farsa. Mais patética ainda a entrevista “exclusiva” com o rapaz no Fantástico de domingo. Não é que as perguntas importantes não tenham sido feitas. Elas foram claramente evitadas.
A versão do corredor sul-africano Oscar Pistorius para a morte da namorada cai na mesma vala do descrédito. Por que ele teria se arrastado sem as próteses até o banheiro, executado os disparos através da porta para só depois voltar ao quarto e colocar as pernas mecânicas que usa com tanta habilidade? Enquanto se arrastava, ele não estava muito mais sujeito à violência do suposto ladrão do que com as próteses?
Três versões bem construídas. Mas nenhuma delas convence a galera. Marcaram esse mês de fevereiro que vai terminando. Na verdade, esse tipo de coisa marca cada vez mais a nossa época.