Blog do Paulo Schiff

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O caos no trânsito

Socorro! A chegada em Santos hoje está impossível. Trânsito parado, parado, parado!”.

O desabafo foi feito por mensagem de celular às 7 e meia da manhã de ontem por um motorista de Praia Grande. Anteontem talvez estivesse um pouquinho melhor. Ou pior. Vale a mesma coisa para segunda-feira que vem. E terça. E se nada for feito, só vai piorar. Porque o número de automóveis, motos e caminhões vai continuar aumentando.

Você que lê jornais e assiste a telejornais, certamente tem familiaridade com dezenas de obras projetadas para endireitar – ou pelo menos melhorar um pouquinho – o trânsito de Santos e das cidades vizinhas.

Sem nenhuma pretensão de fazer uma relação completa delas, aqui vai uma listinha:

  1. Trevo de Cubatão; 2) Túnel Zona Leste-Zona Noroeste de Santos; 3) Avenida Perimetral de Guarujá; 4) Viadutos longitudinais no trecho urbano da Imigrantes em São Vicente; 5) Ligação seca Santos-Guarujá; 6)VLT; 7) Reformulação da entrada de Santos; 8) Duplicação da Cônego Domênico Rangoni; 9) Duplicação do Viaduto do Casqueiro. E por aí vai.

Vamos imaginar que elas realmente saiam do papel, coisa em que a maior parte da população não acredita mais. Se isso acontecer, vai demorar pelo menos três anos para elas ficarem prontas.

E até lá?

Quantos motoristas vão pedir socorro, desesperados, como o de Praia Grande, ontem, até que túneis, viadutos e duplicações fiquem prontos?

O prefeito de Santos, que está de saída, deixa um projeto “conceitual” para a entrada da cidade, 16 anos de poder depois (presidente da CET e secretário de Planejamento com Beto Mansur e depois prefeito). O de São Vicente também deixa um projeto abstrato para os cruzamentos da Imigrantes com as ruas vicentinas.

Projetos conceituais, infelizmente, não resolvem congestionamentos reais. E infernais.

As reeleitas Marcia Rosa e Maria Antonieta e o experiente Alberto Mourão devem se juntar imediatamente aos novos prefeitos de Santos e São Vicente para a montagem de um projeto real de uso inteligente do sistema viário existente para evitar o colapso nesse período em que se espera que pelo menos algumas daquelas obras sejam concretizadas.

Não é para resolver o problema, não. Isso é impossível. É só para reduzir danos. E precisa ser já.

O governador e a ameaça de colapso viário na Baixada Santista

Uma olhadinha rápida na lista de prefeitos eleitos nas 9 cidades da Baixada Santista leva a uma conclusão evidente: o governador Geraldo Alckmin, que já era forte na região, multiplicou a musculatura.

São três prefeitos do PSDB e dois do DEM. Pelos tucanos, Paulo Alexandre Barbosa, em Santos, Alberto Mourão, em Praia Grande e Marco Aurélio, em Itanhaém. Pelos demos, como diria o ex-presidente Lula, Mauro Orlandini, em Bertioga e Paulinho Wiasovski, em Mongaguá.

Estes dois últimos disputavam reeleições e portanto carregavam uma certa dose de favoritismo. Já os três tucanos tiveram vitórias eleitorais expressivas.

Paulo Alexandre conquista o primeiro mandato executivo. É importante observar que é a primeira vez, também, depois de cinco tentativas, que o partido do governador vai administrar Santos.

Alberto Mourão torna-se o primeiro prefeito com 4 mandatos conquistados nas urnas na Baixada Santista.

E Marco Aurélio consegue manter a Prefeitura de Mongaguá com o PSDB depois de dois mandatos do também tucano Forssel.

Essa força política, que deve ajudar Alckmin em 2014, traz junto a responsabilidade de uma enorme expectativa.

Estão nas mãos do governador algumas decisões vitais, cruciais mesmo, para a região de Santos nos próximos anos.

Uma delas, a implantação do Veículo Leve sobre Trilhos, espécie de metrô de superfície, vai definir se a região metropolitana se integra definitivamente ou se permanece com a atual desintegração do transporte coletivo e do sistema viário que martiriza moradores de uma cidade que trabalham, estudam e tem parentes ou namorados em outras, caso muito comum. A questão chega a ser bizarra. Santos e São Vicente, por exemplo são totalmente conurbadas. As divisas entre as duas cidades estão marcadas em ruas e avenidas, mudam tudo. O transporte coletivo vicentino é feito por vans que são proibidas de circular em Santos. Na Praia do Itararé, há uma motovia que termina abruptamente na divisa com Santos e por aí vai.

O túnel entre Santos e Guarujá é outra dessas decisões. A obsoleta travessia por balsas é uma das mais movimentadas do mundo. Transversal à entrada e à saída de navios do Porto, registrou pelo menos dois acidentes entre os dois tipos de embarcação nos últimos meses. O ex-governador Serra chegou até a inaugurar uma maquete de ponte na pré-campanha presidencial de 2010, mas até agora essa ligação seca entre as duas cidades ficou só na conversa. Fiada.

O Porto de Santos tem gestão federal. Mas os grandes problemas dele estão longe do cais, nos acessos ferroviários e rodoviários. Que dependem de recursos e iniciativas estaduais: a entrada de Santos, o trevo de Cubatão…

A questão é dramática. A frota de veículos das cidades da Baixada tem duplicado a cada seis anos. O número de caminhões ficou multiplicado por 2,5 nos últimos 15 anos, quando a movimentação de cargas saltou da casa de 40 milhões de toneladas para a de 100 milhões deste ano que pode se transformar em 250 milhões em 10 ou 12 anos. E o sistema viário permanece o mesmo, com raríssimas intervenções. Se vai haver colapso ou não, depende do governador.

Mais que pirraça, menos que vingança

Uma ouvinte da Rádio Mix, na semana passada, reclamou do lixo eleitoral em São Vicente. Muitos santinhos de candidatos no chão. Ela estava com medo de que a chuva chegasse antes das varredoras. Isso porque a montanha de papel sempre coloca um fator da agravamento nas inundações em função do entupimento de bueiros e bocas-de-lobo.

O curioso na manifestação da ouvinte é que ela pergunta se essa negligência da Prefeitura poderia ser uma picuinha do Márcio França, ressentido com a derrota eleitoral do filho.

A palavra picuinha já carrega uma conotação bem-humorada. É mais que pirraça e menos que vingança. Tem alguma coisa de mesquinhez. Mas ainda mais engraçado é o fato de que o prefeito de São Vicente, que poderia estar com essa suposta picuinha, é Tércio Garcia e não Márcio França, que é deputado federal.

Da safra de prefeitos que encerram mandatos neste final de ano na Baixada, três se elegeram sem nunca ter sido candidatos a nada antes, impulsionados por prefeitos fortes que não podiam mais se reeleger. Tércio Garcia é um deles. Sucedeu justamente Márcio França na eleição de 2004 e depois se reelegeu em 2008.

Os outros dois são João Paulo Papa, de Santos, que disputou as mesmas eleições de Tércio, e Roberto Francisco, de Praia Grande, que era chefe de gabinete de Alberto Mourão e se elegeu sucessor dele em 2008. Papa era vice de Beto Mansur e foi apoiado por ele.

A ouvinte que levantou a suspeita de picuinha, parece acreditar que quem continuou mandando em São Vicente, mesmo com Tércio prefeito, era Márcio França. Muita gente pensa dessa maneira.

Em Praia Grande, acontece coisa parecida. O advogado Roberto Mohamed disse outro dia que Roberto Francisco se elegeu para guardar lugar para Alberto Mourão.

Na verdade, Garcia e Francisco têm perfis mais discretos e técnicos e assim marcam menos a própria presença.

É interessante observar que em Santos aconteceu fenômeno inverso. O prefeito Papa se afastou do padrinho político Beto Mansur. Buscou ganhar luz própria. Até as realizações de Mansur passaram a ser percebidas pelo público como sendo de Papa. Tanto que o ex-prefeito usou a estratégia de lembrar ao eleitor, na propaganda eleitoral, que essas obras eram na verdade dele.

Não deu certo. Mansur saiu da eleição com uma derrota acachapante. Mas tem um consolo: se houver desleixos da Prefeitura de Santos, daqui até o final do ano, ninguém vai suspeitar que seja picuinha dele.

Patos mancos

O próximo presidente já está eleito. Mas o atual ainda tem um restinho de mandato, até o final do ano. Nos Estados Unidos esse presidente que está de saída recebe o apelido de pato manco.

Na Baixada Santista, por esse critério, teríamos neste momento 5 prefeitos patos mancos: Tércio Garcia (PSB), de São Vicente, Milena Bargieri (PSB), de Peruíbe, Roberto Francisco (PSDB), de Praia Grande, Forssel (PSDB), de Itanhaém e João Paulo Papa (PMDB), de Santos.

Se a manquitolice dos patos pudesse receber graduações, Roberto Francisco, que apoiou o eleito Alberto Mourão (PSDB), e Forssel, que conseguiu eleger o sucessor Marco Aurélio (PSDB), estão mancos de uma pata só. João Paulo Papa e Tércio Garcia, que amargaram derrotas dos candidatos dos partidos deles, mancos de duas patas. Milena, que perdeu ela mesma a eleição, estaria manca das duas patas e das duas asas.

Como será a vida de um pato manco?

Dizem que o cafezinho dele chega frio. Que o ascensorista continua falando mal do governo dele depois que ele entra no elevador. Que o motorista chega atrasado quando ele chama…

Fernando Henrique foi um pato manco cheio de dignidade. Escancarou todos os departamentos do governo para o sucessor Lula na transição. João Batista Figueiredo, o último presidente da ditadura, um pato manco ressentido. Saiu pela porta dos fundos para não ter de entregar a faixa presidencial para José Sarney.

Patos mancos que não conseguem eleger o sucessor costumam ter mais aborrecimentos que alegrias. A debandada de colaboradores infiéis, a insegurança profissional de colaboradores fiéis, a cobrança de correligionários quanto a erros de estratégia que provocaram a derrota, críticas à gestão que se multiplicam…

No poder, prefeitos, governadores e presidentes se desacostumam a abrir portas. Sempre tem alguém para fazer essa gentileza. Papa, Tércio, Milena, Francisco e Forssel já podem ir treinando com as maçanetas…

A Saúde como prioridade

No início de 2005, uma safra de novos prefeitos iniciava mandatos em todo o Brasil. Em Santos, João Paulo Papa (PMDB). Em São Vicente, Tércio Garcia (PSB). Em Guarujá, Farid Madi (PDT). Praia Grande e Cubatão tinham reelegido Alberto Mourão (PSDB) e Clermont Castor (PR).

Cinco partidos políticos diferentes. E uma unanimidade. Todos eles escolheram a área da saúde pública como prioritária. Concentraram esforços conjuntos.

E o resultado, sete anos e meio depois? Como é que você, leitora / leitor do DL, e deste blog, avalia esse resultado? Gostaria de receber essa opinião no e-mail que acompanha o texto.

Praia Grande inaugurou o Hospital Irmã Dulce, repassou a administração para uma fundação com instituição de ensino e as reclamações se reduziram drasticamente.

São Vicente tinha inaugurado dois anos antes o CREI – Centro de Referência, Emergência e Internação. Mas as reclamações continuaram intensas.

Santos transferiu provisoriamente a maternidade que tinha sido inaugurada pelo ex-prefeito Beto Mansur (PP) para o Hospital da Zona Noroeste. O provisório, como muitas vezes acontece, acabou se tornando definitivo. Agora, sete anos depois, comprou o antigo Hospital dos Estivadores.

Cubatão conquistou uma impressionante redução do índice de mortalidade infantil: de africano, passou a um patamar europeu.

Mas no conjunto, regionalmente, se alguma coisa mudou, foi para pior. Mesmo os pacientes com planos de saúde fazem queixas amargas. E quem pode prefere se tratar em São Paulo.

O jornalista Rodolfo Amaral aponta faz tempo uma distorção. O governo estadual destina sistematicamente para a Baixada Santista, que tem 4% dos habitantes do Estado, pouco mais de 1% das verbas de saúde.

E a denúncia do jornalista fica no limbo.

A estrutura estadual, que em Santos inclui o Hospital Guilherme Álvaro, funciona completamente fora de sintonia com a municipal, apesar do status de gestão plena desta última.

E assim vai.

Para quem tem como profissão a esperança, e é exatamente esse o nosso caso de brasileiros deste litoral paulista, vem aí uma nova safra de prefeitos.

Será que também vão escolher a saúde como prioridade?

Mourão

O período estabelecido pela lei para a realização das convenções partidárias que vão sacramentar candidatos começou ontem. Vai até dia 20. Mas as definições mais importantes para as eleições nos municípios da Baixada já estão estabelecidas.

Uma delas aconteceu nesta semana: o prefeito de Praia Grande, Roberto Francisco (PSDB), anunciou aos vereadores que não vai concorrer à reeleição. Jogou no colo do deputado federal Alberto Mourão a missão de representar o grupo político há 20 anos no poder em Praia Grande.

Em 12 desses 20 anos foi justamente Mourão quem esteve à frente da prefeitura praiagrandense.

Já deixou marcas profundas na cidade.

A urbanização da praia, a pista Expressa Sul, o Hospital Irmã Dulce são algumas delas.

Para efeito comparativo, que outro administrador regional tem no currículo obras dessa dimensão?

Em São Vicente a urbanização da Praia do Itararé, de extensão muito menor, constituiu novela mexicana.

Em Cubatão, prefeitura com muito mais recursos do que Praia Grande, entrava prefeito, saía prefeito e o Hospital Municipal emperrava.

Em Santos, um único viaduto como o da Alemoa, só foi feito com dinheiro do governo estadual e mesmo assim com aquela lambança do “x” que caminhões e automóveis têm de fazer para entrar nele. A cidade tem também a avenida perimetral, como Guarujá vai ter, mas com dinheiro federal.

Gestor com um olho no futuro e outro no dia-a-dia, Mourão volta a disputar a prefeitura porque Roberto Francisco, muito desgastado no início do mandato por acusações de fraudes eleitorais, estava sendo visto como um candidato com campanha de reeleição difícil.

20 anos depois, é outra a realidade da região e outro o político Alberto Mourão. Favorito de novo, que coelhos terá, dessa vez, se for eleito, na cartola?

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