Blog do Paulo Schiff

Ideias e Opiniões sobre o cotidiano.

O sorriso de Dona Benedita

Fiquei com o sorriso da mãe do Joaquim Barbosa na cabeça. Negra, cabelo branco puxado num coque à moda antiga na cabeça, roupa prateada de festa e… aquele sorriso.

Dona Benedita.

Não é difícil imaginar os pensamentos e lembranças que se embaralhavam na cabeça dela na cerimônia de posse do filho.

Joaquim é o mais velho dos oito irmãos. Nasceu na década de 50 em Paracatu, no interior de Minas Gerais. Pai pedreiro e mãe dona-de-casa.

A trajetória de Paracatu até a presidência do Supremo está entre as mais bonitas da

história do país. Para qualquer brasileiro, quase inacreditável. Para Dona Benedita, devia estar parecendo um sonho.

Devem ter desfilado na cabeça dela momentos doces desde a amamentação até aqueles de ver o filho dormindo e dar uma arrumadinha na coberta, outra no travesseiro e na saída, um beijo na testa.

Ela deve ter sentido de novo toda a angústia e toda a insegurança dos momentos da separação do marido, quando o adolescente Joaquim passou a trabalhar e ajudar a sustentar a mãe e os irmãos mais novos.

E o orgulho de ver o filho ali, falando do país e sendo aplaudido pela presidente Dilma e tantos doutores…

Joaquim Barbosa já tinha entrado para a história pelo julgamento do mensalão, um marco jurídico e político.

Ontem agradeceu com simplicidade à “minha mãezinha”.

E Dona Benedita lembrou do que deu ao filho: “oração”. “Ele lutou por conta própria” disse ela.

É difícil de saber para que deuses ou que santos Dona Benedita direcionou as preces pelo filho.

Mas é fácil imaginar que tipo de oração ela murmurava ontem com aquele sorriso iluminado no rosto: agradecimento.

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