Blog do Paulo Schiff

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Ações e omissões

Algumas ações na área de infra-estrutura alcançam os resultados previstos no planejamento. Outras fracassam. E um terceiro tipo produz resultados muito além dos planejados.

Cabe nessa terceira classificação, por exemplo, a adoção das vans como transporte público alternativo em São Vicente. O centro comercial vicentino ganhou uma valorização muito superior ao que a equipe do então prefeito Márcio França previa, lá no meio dos anos 90. Hoje é uma potência, com os pontos das lojas super-valorizados.

O Porto de Santos, já comentamos isso aqui, se firmou como principal pólo brasileiro de movimentação de cargas em função da construção de uma ligação ferroviária com São Paulo. Até a segunda metade do século 19, quando a carga descia para o litoral em trilhas e sobre carretas com tração animal, esse posto era disputado com outros povoados, como Iguape. A construção da ferrovia pelos ingleses desempatou a partida.

É difícil, como se vê, prever os efeitos das ações. Podem ser iguais aos planejados, podem ser fracassos ou até superiores às previsões. Mas é muito fácil antecipar o resultado das omissões: retrocessos e prejuízos.

Em relação ao porto, nesse campo das omissões, estão as obras que não foram projetadas e construídas. Podem representar perda de espaço no futuro próximo. Essa deficiência se mostra principalmente nos acessos. Modais mais baratos que os rodoviários não receberam até hoje investimentos apesar de muita falação: ferrovia, dutovia e hidrovia. Mesmo no modal rodoviário, que tem predomínio quase absoluto, a inexistência de uma ligação seca entre as duas margens do porto acrescenta 70 km no percurso das carretas que movimentam cargas no lado de Guarujá. São 70 km a mais de consumo de gasolina, de horas de trabalho de motoristas e de desgaste dos veículos. Mais Custo Brasil.

Imagine um investimento bem planejado em ferrovia de acesso em algum outro porto do sudeste. Que motivo levaria o exportador a preferir um Porto de Santos com acesso mais caro?

Caro, isso sim, pode ser o preço, no futuro, dessas omissões de agora.

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